
A luva de protecção rompeu-se
Consumida pelo tempo
Nos espinhos ressequidos pelo pó
Deixando-me os dedos nus
Abri e fechei a boca em silêncio
Moveram-se os lábios
Ecoando um fino grito mudo
Piquei-me nos silvados
Distúrbios alimentam a dor
Sangraram erros
Gotejaram saudades
Sílabas manchadas
Falsas gotas de orvalho
Acre o silêncio
Sabia a amoras silvestres
Amoras amargas
Ainda verdes
Nas sebes do abismo
Cresceram ramadas de silvas
Onde já não brotavam amoras doces
No abstracto sulco silvestre
Na brandura do entardecer
Emanavam agora fragrâncias frescas
Do bosque da liberdade
Percorro os baldios fertilizados
Mordo os suspiros de nostalgia
Pego no cabaz de coloridos desbotados
Cesta já gasta de palavras entrelaças
Sigo as fragrâncias bravias
Inebriando-me o pensar
Descuidada mente encantada
Ignoro as silvas crescidas
Encaminho-me no apelo reluzente
Desprendem-se vontades serôdias
Às amoras rubras como poemas
São aglomerados de sílabas
De bolinhas vermelhas
Como amoras maduras
Bagas impacientemente desejadas
Que a demora levianamente amadureceu
Esperam as mãos errantes
Numa colheita delicada
Ameaçam cair no acolchoado
Chão de saudades cristalinas
Colho com ambas as mãos
As amoras doces
Que devoro sofregamente
Lambuzo-me com as lembranças
Sabores de outros tempos
Melodia para os meus ouvidos
Vem, vem sentir o sabor
A Doce amora…
Consumida pelo tempo
Nos espinhos ressequidos pelo pó
Deixando-me os dedos nus
Abri e fechei a boca em silêncio
Moveram-se os lábios
Ecoando um fino grito mudo
Piquei-me nos silvados
Distúrbios alimentam a dor
Sangraram erros
Gotejaram saudades
Sílabas manchadas
Falsas gotas de orvalho
Acre o silêncio
Sabia a amoras silvestres
Amoras amargas
Ainda verdes
Nas sebes do abismo
Cresceram ramadas de silvas
Onde já não brotavam amoras doces
No abstracto sulco silvestre
Na brandura do entardecer
Emanavam agora fragrâncias frescas
Do bosque da liberdade
Percorro os baldios fertilizados
Mordo os suspiros de nostalgia
Pego no cabaz de coloridos desbotados
Cesta já gasta de palavras entrelaças
Sigo as fragrâncias bravias
Inebriando-me o pensar
Descuidada mente encantada
Ignoro as silvas crescidas
Encaminho-me no apelo reluzente
Desprendem-se vontades serôdias
Às amoras rubras como poemas
São aglomerados de sílabas
De bolinhas vermelhas
Como amoras maduras
Bagas impacientemente desejadas
Que a demora levianamente amadureceu
Esperam as mãos errantes
Numa colheita delicada
Ameaçam cair no acolchoado
Chão de saudades cristalinas
Colho com ambas as mãos
As amoras doces
Que devoro sofregamente
Lambuzo-me com as lembranças
Sabores de outros tempos
Melodia para os meus ouvidos
Vem, vem sentir o sabor
A Doce amora…
(fotos,olhares.com)
Lindo o teu poema
ResponderEliminarAté te podes lambuzar com as lembranças,mas não te esqueças que o passado esta lá atrás, e é hoje que deves de desbravar as silvas, porque vais encontra terra fértil que pode ser cultivada e podes plantar muitas árvores e criar um paraíso, as silvas romperam as luvas as mãos sangraram, é o sangue da vida por ele deves sempre lutar
beijinhos ternos
*
ResponderEliminarsublime post
adorei as fotos das amoras !
,
deixo-te um cheirinho
deste rectângulo,
,
AS AMORAS
O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.
,
In-Eugénio de Andrade,
,
conchinhas, deixo,
,
*
Lindissimo poema...pode-se entrar nele...adorei o cheiro a campo, em belas palavras.
ResponderEliminarBeijinho
Sonhadora
Delícia.
ResponderEliminarFOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... deseja um bom dia.
Saudações Florestais !
Lindo o teu poema!
ResponderEliminarFez-me recordar o tempo da infância e os sulcos rasgados ne pele pelas silvas, na ânsia de colher amoras!...
Beijos...
AL
Sublime poesia.
ResponderEliminarAmoras bravas....
Vou assobiando pela estrada fora...
Vou colher amoras e pintar os lábios...
Descalço vou, mas nem me importa
Colho o fruto vermelho, que que faz lembrar a infância e traz a saudade desse tempo.
Luvas de protecção quem as não tem? Quando se rompem há que substituí-las e, então mais precavidos, saborearemos ainda mais intensamente, os aromas e os sabores dos frutos que nos são ofertados pela vida
ResponderEliminarAbracinho