quarta-feira, 21 de julho de 2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

(Im)Preciso...Olhar...


Há grades no teu olhar?
Ou serão os meus olhos que estão presos?
A cor do silêncio tem o teu cheiro…
Arranco as formas das tuas mãos do meu corpo
Que tapam a dor como um véu transparente
Acordam-me os soluços entorpecidos
Dos desejos que trago trancados dentro do meu ser vazio
Seco-me á espera do teu orvalho nas noites sem madrugada
Quero o EU que roubaste naquele instante
Leva de mim as ilusões que deixas-te
Arrancaria as pedras da calçada que nos viram passar
Por não te poder arrancar de mim, e nem te ter…
Beberia as águas do mar,
Por serem menos salgadas que as lágrimas que não posso chorar
Não quero este tempo,!
Quero o instante que dura em mim uma eternidade!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Para si...Professora!


"O significado das coisas não está nas coisas em si, mas sim em nossa atitude com relação a elas."


Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: "Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que colecciona borboletas?" Mas perguntam: "Qual é sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?" Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: "Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado..." elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma ideia da casa. É preciso dizer-lhes: "Vi uma casa de seiscentos contos". Então elas exclamam: "Que beleza!"


"Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós; leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo."
Antoine de Saint-Exupéry


Nunca lhes perguntei quem era, quantos irmãos tinha e de onde vinha…
Tudo o que soube, foi sabendo sem perguntar, sabia apenas que era daquelas pessoas que se conhecem devagar…e…
E em períodos controversos para mim, não tive esse tempo nestes últimos 3 anos de a conhecer verdadeiramente…hoje lamento, pois foi sempre adiando o dia em que talvez tivesse um tempinho de conhecer a mulher/mãe que se vestia de professora durante um breve período de tempo para ensinar aos nossos rebentos, o que nós vamos lamentavelmente esquecendo, esse pouco que sabíamos é-nos ultrapassado pelos hábitos incondicionais de uma outra cultura que nos é imposta…
Três anos por cá ensinando a língua de Camões, puxando os seus pupilos para o gosto da leitura, da literatura, sempre rebuscando em nossas memórias e revivendo em festas ainda que pequenas, os jogos tradicionais de um passado tão perto e tão distante…
Por motivos pessoais regressa agora á terra berço do seu/nosso Portugal distante…
Detesto despedidas, por isso não me despeço mas digo até sempre Professora Lurdes…

E foi com este singelo poema que algumas lágrimas de emoção se soltaram…

Para si professora
Que um dia passou por nós
E agora
Falta pouco
Para apanhar lugar nesse tempo de regresso
E voltar á base
Lusitano solo…
Às entranhas dessa terra berço
Que nos castiga a alma de saudade
Nesta agridoce distância…

Quisera eu oferecer um presente intemporal
Mas só as palavras ficam…

Não é um adeus que quero dizer
Mas é nos poemas que digo o que sinto…
Quisera eu,
Desnudar sentimentos como quem sabe o que faz
Mas sou insignificante aprendiz
Que por um momento quis ser poetisa
E do coração de onde brotam palavras sentidas
Fazer arado
E lavrar palavras na folha infértil
Porque só as palavras ficam…
Esvoaçam na mente, soltas
Aquelas palavras de gratidão que queria escrever…
Mas sinto os dedos impotentes, trémulos
Sinto o silêncio das frases que se calam…
E a estrada que devia desaguar no poema
Torna-se subitamente sinuosa…
Não consigo acompanhar
O ritmo deste rio de emoção que quer galgar as margens da razão
E desaguar nos meus olhos
Será assim um poema inacabado
Onde apenas queria dizer-lhe
OBRIGADO!

Professora
Já alguém lhes agradeceu
Por ensinar o que sabe a um filho seu?
Já alguém lhes agradeceu
Por transmitir tudo o que aprendeu?

Se ainda ninguém lhes agradeceu
Agradeço eu!

Agradecemos nós!
Obrigada professora Lurdes Araújo!
E até já…

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ondulantes...Poemas de Trigo...Na seara da mente...

Ergo os braços,
Bem abertos
Para sentir esta liberdade presa no sopé da montanha…
E a meus pés…
Ondulas…
Arregalo os olhos…
Mas não chega!
Queria mais…
Não consigo guardar…
Registar a transparência com que oscilas…
Diáfano ritmo
Contorces-te diante dos meus olhos
Convidas-me a entrar numa dança impossível…

Frágeis pétalas de papoila
Salientes momentos vermelhos
Na seara ondulante de segredos
Rubros instantes
Pontos frágeis de poesia
Brotam do trigal da mente
No granjeio simples de poemas
Abandonados á mercê da madrugada que invejo

Subestima-se a beleza…
Ignora-se o sentir…
Se não se conhece o sabor do vento
Rajadas de vontades nesse ir e vir
Que me toca os sentimentos
Agita os desejos
Inimaginável beleza numa dança frenética
Onde brinca o meu olhar
Enquanto te vejo crescer
Não pares, não pares agora…
Tento agarrar-te
E nas minhas palavras visto-me de espigas
Desnudo a mente de olhos fechados
Sem pressas…
Sem limites…
Ao som arrepiantemente terno
Do roçar do vento entre nós
A beleza do trigo ondulante
Empresta-me um pedaço
Do seu espaço
Por instantes
Faz-me foice na tua seara
Sinto-me saloia subindo o monte
Inalando o perfume da tua espiga amadurecendo
Dourando nas ébrias gotas de orvalho…

Deito-me olhando o céu
E sinto a leveza do teu peso
Da beleza que me emprestas
Contento-me com estas migalhas
Do sustento que há-de ser um dia
Rendo-me aos teus sussurros
Melodioso roçar que a brisa te oferece
Quebra nas dobras do meu silêncio
O gosto doce que enfeitiça…
Dói-me já a partida
Quando a debulha te levar…

terça-feira, 6 de julho de 2010

Fonte...Mar...


Mar...
Fonte de onde bebo sem ver
Oh tempo, devolve-me as marés,
Cheias de sonhos…
Que banhavam o sopé da montanha…
Queimei momentos ao luar
Com achas de calmaria
De um arder rubro…
Fumos transparentes…
O silêncio fez-se espuma…
Nas ondas de segredos fugidias
A noite invade as memórias
Rebusca memórias de outras noites…
Será ainda o mar, vermelho?