sábado, 27 de novembro de 2010

Só...as palavras voam...


Palavras!
Palavras, palavras...

Poesia!
(Poesia?)

Nem me prendes...
Nem me dás asas...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Parabéns...a...mim!...Mergulhando em mais um ano...


Para mais um tempo de cera endurecendo ao frio/calor dos anos
Aniversário é data a esquecer
Razões são velas que o escuro acende
Amizade é presente que não quero embrulhado!
Bajulices descartáveis…beijos abraços e palmadas tortas nas costas
É impossível parar o tempo! Queria tanto descer…
Números redondos
Suspensos por uma data…

Amanhã apenas o ontem do dia seguinte…

Meu corpo entorpecido
Iniciando
Mais uma viagem relâmpago…apenas mais um ano!


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No confortável silêncio ensurdecedor, local onde habita desde que decidiu mudar de planeta…
Escutava a linguagem da montanha, num eco desafinado, encaminhando em avalanches de palavras desalinhadas os sentimentos amontoados que transbordavam do peito…
Reflectindo-se vaidoso o céu, no azul estonteante do lago, um espelho grande como o firmamento, onde no horizonte o amanhecer moldava nuvens para lhes dar de presente, em tons de chuva miudinha como poesia avulso…
Passeava-se mulher, sonhava-se poetisa nas searas imensas do nada que o seu olhar alcança…e era tanto afinal!
Ouvia a voz da saudade ao longe, numa brisa doce, que ainda noutra rajada lhes fez lembrar as amargas primaveras das flores que murcharam antes de florir, sem nunca lhes saber a cor…
E na inocência da criança que nunca deixou de ser, acredita que desta vez é que o sonho a adormecerá na realidade…mesmo sabendo ainda e melhor que ninguém que veste a pele que não lhes cabe no fato…
Assoprará mais um pavio dessa vela de pedra, á sombra de mais um desejo corrigido não concretizado disperso algures debaixo do tapete de mais um ano que passou...
A paz aflita nos dias de risos ondulantes de datas perfeitas porvir…rascunhos nas ondas de um mar revolto…reflexões…ou se arrastam até hoje os projectos de espuma…entalados nas reticências das palavras que cala…
Hoje queria ser transparente…abraçar o fumo da vela que não quer apagar, diluir-se em insignificância… sim, transparente…muito mais que invisível…porque invisível, já ela o é todos os outros dias…
Contam as cinzas que se dispersaram no tempo…têm-nas ali agora…em sua mão fechada…
Acende reunidas as canículas em gélidas candeias que quer guardar com um sopro de satisfação, como forma de agradecimento ao fado que a vida não lhes ensinou a escrever… mas apenas a aceitar…a letra sua de cada dia…e hoje é mais um ano, em que mergulha lentamente!


sábado, 20 de novembro de 2010

(Re)Vivo momentos...

(Re)Vivo momentos
Recordando...


Espantoso desabrochar
Num brutal acesso de vontade de viver
Abrem-se diante de mim os botões enrolados
E na goma transparente surgem as pontas verdes
Suspendo a imagem na retina
Frágil equilíbrio
Rasgado pelo som dos sinos anunciando que é hora de acordar dos sonhos e regressar.
Lá ao fundo na quietude das águas dormentes
Cardumes de trutas ensaiam o baile da vida e fogem á cobiçosa cana de pesca
E eu guardo o cheiro fresco e novo de mais um dia a contemplar a magia da vida!
Nestes momentos que roubo á solidão…

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sinais (Des)Encontrados...Nos caminhos que percorro...

Confundem-se os caminhos...
Nos caminhos (des) encontrados
O tempo passa, e trocam-se-me os passos
Se procuro saídas…
Teimam as pegadas colar-se aos pés
Ouvem-se os ecos dos passos passados
Rangendo…
A inspirar sequências impressas abandonadas…
Propositadamente em palavras desmedidas…
Possíveis caminhos se atalham no declive…
Serpenteando desafios…
Onde tropeço nas ramagens do próprio chão…
Porque os olhos abraçam o instinto que se abre no cenário
Como uma porta em forma de coração…
E quando procuro caminhos pelos quais seguir
Apenas encontro veredas solitárias…
Imaginárias…gastas...
De outras caminhadas…
Armadilhas de meus passos perdidos
Incontáveis…contidos…
Rastos…sem rosto…
Estranhos indícios nas cores naturais…
Caminhante sem caminho…
Nas clareiras dos bosques sem trilhos…
Ou nos trilhos dos bosques sem clareiras…
Numa dança silenciosa de passos afinados
Onde sinto o chão que piso…
Fugir-me debaixo dos pés…
Seguro-me no tremor dos passos alados…
Sou o ser que recua quando o caminho avança…
Procurando encontrar um sentido, nos passos sem sentido
A única certeza é que até a natureza me confunde os caminhos
Desenhando nos mapas símbolos conhecidos
Sinais (des)encontrados em caminhos que percorro…




terça-feira, 9 de novembro de 2010

Como um navio errante...(Preso no cais...)


Soltava as amarras do porto de abrigo…
Segurando firme na alma o frágil leme…
E a bússola desorientada …
Sede de viver o mapa do tesouro perdido…
Transformando em hinos de quietude …
As vagas descontroladas do coração agitado…
Galgando a razão rumo ao infinito dos sentimentos…
Nas distantes ilhas de fantasias por descobrir…
E navegava á deriva por oceanos de sonhos…
Frágil corpo…
Perdido…
Como um navio errante que penetrava a imensidão dos desejos…
Entontecia de ansiedade…
Nas vertigens sóbrias de vontades…
Jurava que ouvia!
Jurava que via!
Felicidade Sereia que nunca vinha…
Que não existia talvez…
Mas que nessas horas de solidão…
Lhes fazia bem sonhar que algures…
No oceano, naquele mar esquecido…
Um belo ser aparecia para superar os momentos de clausura…
Estranha sensação de liberdade que aprisionava…
Um horizonte sem obstáculos…
Só o céu e o mar…
E nas entranhas de si…o vazio!

Que o encha o vento norte…que sopre!
Rasgando as marés o navio…seu corpo!

Embalada a mente por uma brisa agridoce de saudade…
Ao longe algumas estrelas no entardecer da existência…
Uma bola de fogo chamada realidade…
Existia!
Tão longe que não a conseguia alcançar…
Sabia apenas que estava lá…
Podia olhar no horizonte imenso…
Era essa a única liberdade…
Mas não se podia movimentar para além daquela casa flutuante, apertado navio….
Navio corpo que aprisionava a lucidez…
Sensação paradoxal tinha tanto de bom como de mau…
De maravilhoso como de enfadonho…
Como o canto da Sereia Felicidade que nunca vinha…
Navega…
Navega á deriva…
Como um navio errante…
(Preso no cais...)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Um sorriso...


Tem um sorriso ...
Um sorriso postiço!
Um sorriso rasgado...
E colorido!
Que coloca por cima do rosto...
Um rosto cansado!
Opaco e gasto...
Dizem as pessoas:
_ É bonito!
Ficam-lhe bem as cores, são mesmo á medida!
Mal elas sabem...
É daltónica,
Não decifra as cores...
E o sorriso, de tanto que a aperta,
Já faz calos no coração...