terça-feira, 17 de maio de 2011

Segredos de bruma...




Inventou bem-estar ao pôr-do-sol nas palavras que ia deixando no areal deserto em que se conheceram. Ainda não era tarde e as gaivotas recolhiam não se sabe bem onde dando mais lugar ao vazio que agora fica! Quando tentou recolher as pegadas, era tarde demais, enterravam-se mais e mais com o peso dos sonhos!
Ninguém a sabia assim perdida!
As palavras cada vez mais directas, expressavam cada vez menos sentimentos. O silêncio, esse que cobria os vultos sem rosto de pessoas que se escondiam na própria sombra, cheirava a lágrimas sensabores, porque o sal ardente característico das dores, brilhava do outro lado das letras.
E o movimento das ondas já não desenha a espuma poemas vermelhos, nas folhas esvoaçantes da montanha com vista para lado nenhum!
Amanhece, e por volta da hora prevista, mais minuto menos minuto, já não regressa a maré cheia de ideias que outrora abalroava a mente analfabeta de quem está sentado no penúltimo degrau do abismo!
Os raios de sol frios pincelam as cores do quadro que ninguém entende, numa tela cinzenta que desaparece quando se fecha o último chapéu-de-chuva num dia de angústias torrenciais, com uma imagem desfocada no horizonte do homem que vendia sonhos a troco de risos adiados, conspirando prazeres muito além do imaginário.
Na queda das palavras as asas de vento eram inúteis! Esperando apenas o momento final, sentia a confiança em fanicos. Embrenhou-se na penumbra e a harpa ensaiava a melodia da brisa, como uma valsa em seus cabelos. Depois no silêncio o vento sussurrava-lhe aos ouvidos réstias de esperança, num jogo perigoso de perguntas e respostas. E os passos aflitos, apressados, tropeçavam nos segredos de bruma, válvula de escape dos dias iguais!
Talvez não soubessem mas respiravam o mesmo ar, afogavam-se ambos bebendo palavras impotáveis.
Espraiando relâmpagos com o pensamento, o corpo treme o olhar troveja pela incompreensão! Turbulência no plural!
Acaso a maré alta não falhe seguirá o seu apelo para os subúrbios da ilusão onde a realidade por vezes dói menos!
Sim, ela foi entristecendo, mas insistirá na busca difícil pelo búzio encantado ainda que essa seja a única forma de reconhecer o mar…

[Palavras e foto

FlorAlpina]

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Na minha fraqueza...



Hoje não me ofereças lenços…
Para absorver as lágrimas
Que teimam em cair…

Hoje não me ofereças sorrisos…
Para calar os soluços
Que asfixiam as palavras…

Hoje não me coloques pachos quentes…
Embebidos em palavras de fantasia
Nas feridas abertas…

Hoje não me peças calma…
Para reprimir o grito da alma
Que me queima o peito…

Hoje não me peças que tenha esperança…
Nas palavras que me gaguejas
Esgotei-a a tentar ser forte…

Hoje…
Deixa-me ser somente eu…
Na minha fraqueza…



Palavras e foto

FlorAlpina