segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

(Des)equilibro-me nas palavras soltas...


Ando cansada...De tudo...E…
E tudo o que eu sei, é a palavra não sei!
E tudo o que eu consigo escrever,
São palavras soltas…
A esperança… Lembra-se?
Da esperança?
Daquela que se pensa ter?
A esperança que se almeja?
Do sonho?
Deixar isto para sonhar aquilo?
Lembra-se?
Sim!
Posso ter a esperança de ter esperança novamente?
Soltar palavras? Em vez de amontoa-las?
Para que não caia na imensidão de tudo!
E nada…Soltas palavras...
Palavras soltas…

Doce fuga ao luar
No relento da noite de uma brisa fria...
Sentimento orvalhado!
Não fugindo dos trilhos que sigo
Verdejante uma flor
Nas bermas da estrada
Cresces flor nas tuas veredas!
Fazes a curva do caule a teu favor...
E contemplas o teu destino como riqueza!
Mas ficas no luar por mais um dia...
Como te invejo flor!
E eu?
Caminhante…
Vagabunda poetisa…
Poetisa?
Eu, nem tenho trilhos!
Nem poesia, nem rima!
Só versos, inversos!
Enferrujem os trilhos
E mudem as veredas!
Que tempo tens mais para ti, além do agora?
Que são os sentimentos?
Agulhas aguçadas ao encontro dos balões de água?
Ou gotas de álcool na ferida?
Sinto ambos!
Mas parece mais papel de embrulho!
Fica o vazio...
Enquanto crescem flores silvestres nas veredas da vida…
(Des) equilibro-me nas palavras soltas…
(Palavras e Fotos FlorAlpina)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Falta-me hoje um pedaço de chão...

Quis calar as vozes dentro de mim
Asfixiar o pranto…
Para que o meu silêncio te ferisse!

Mas a seguir quis ter forças para engolir o céu negro
Que nos ofereceste
No dia em que dividiste o sol da felicidade
Tirando bruscamente a peneira que o tapava
Queimando-nos com raios de indiferença…

Derrotada quis GRITAR!
Gritar bem alto para que me ouvisses!
Cuspir palavras de fogo
Como trovões que me esburacam o peito…
Cravando-as no teu coração de pedra…

No fundo de mim carrego estilhaços do passado
Que se cravam cada vez mais e não consigo
Soltar os lamentos que trago contidos…
Os queixumes comprimidos nos anos
As palavras coaguladas no tempo…

Olho em frente apenas abismo…
O vazio...
O degelo dos sentimentos…
E atrás de mim, nada…
Nada!

Nada!

Entre os pés e a terra…
Falta-me hoje um pedaço de chão…
(Palavras da FlorAlpina,
Foto da Zita)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A viagem...* (Fim)


(Continuação)

- Não há problema, se me contares o que faz uma mulher bonita como tu a viajar sozinha, e com uma história tão triste nuns olhos tão….tão azuis!
- É uma longa história, e acho que isso é…é chantagem!
- Temos tempo, não vamos parar nas próximas horas, e eu acho preferível a ter que te denunciar por falta de bilhete…
- OK, aceito…
Resumiu tudo a meia dúzia de frases sem interesse, e sentiu o impulso de confiar ou pelo menos desabafar naquele ombro amigo…que não tardou lhes fazia de almofada, era o cansaço da noite anterior em que não tinha dormido a vir á tona.
Ele intencionalmente ou não guiou a cabeça dela até ao seu colo.
Sentia o seu desejo a crescer, comoveu-o tudo o que Carla dissera, sentiu algo que não sabia dizer por palavras. Sabia sim que o excitara a sua meiguice, dava-se conta como crescia por ela o seu desejo, o seu desejo e não só, havia algo mais que triplicara de volume ao sentir o respirar dela ali tão pertinho de si!
Não sabia se ela dormia mesmo, ou fingia que dormia numa atitude carente.
Deixou a mão seguir a vontade de acaricia-la, serenamente começou por o ombro esquerdo deslizando até ao pulso e só com um dedo tocando na pele dela fez a viagem de regresso ao ombro, encorajado por um doce suspiro dela continuou o toque das mãos rumo ao umbigo, por cima da roupa.
Em segredo um fogo de desejo ardia-lhe no peito, sentia que o olhar dele a despiu lentamente como se desfolhasse uma flor!
Vagarosamente abriu os olhos e em silêncio olho-o nos olhos e deixou que os seus lábios se encontrassem como se foram conhecidos de uma vida. Agarrou na mão dele mostrou-lhe às cegas o caminho a seguir, os seus seios…
Escutava agora a música de fundo do coração aflito, enquanto adormecia os dedos impacientes, numa sinfonia repenicada nos contornos que antes adivinhara. Sentia o toque do vestido nas costas da mão como um suave lençol de seda. Os mamilos duros segredavam-lhe o quanto ela também estava excitada.
Percorreu com o olhar o horizonte de pernas desabrigadas que há pouco parecia distante, repousando a mão direita no encoberto ondulante e quente das coxas, procurando um oásis que não demorou a encontrar.
A mão fina e morna dela por entre o fecho aberto das calças mexia-se quase ao ritmo constante e firme dos movimentos melodiosos dos espaços dos carris a ecoarem na noite…
Fecharam os olhos experimentando guardar deste modo uma forma diferente de perpetuar nos sonhos reais uma nova versão de amar.
Fizeram amor com o delírio do desconhecido e o desejo de viver cada momento…
Quando acordou de madrugada encontrava-se sozinha, sentiu um aperto no peito, não sabia quem ele era, nem o seu nome sequer. Mas recordaria para sempre o homem que a ensinou a descobrir o que era a essência da expressão “ levar-te ao céu” tinha lá chegado finalmente e por mais que uma vez…
Recompôs-se no banco e tocou com a mão um embrulho amarrotado, apressou-se a ver, e sorriu ao descobrir o seu maço de tabaco vazio amachucado, e amarrado com uma fita vermelha o bilhete de comboio que antes deitara fora, e onde se lia nas costas do mesmo, e escrito por aquele desconhecido, além de uma morada um nome e um número de telefone, também uma frase “Não deites fora o bilhete para a felicidade, esta noite foi só o começo, espero por ti! Não te preocupes…eu encontro-te! Em Madrid…"
*N.A_ A viagem...(Mini texto escrito a pedido de uma pessoa para participar numa selecção de mini contos.)
Fotos Flor Alpina
FIM
FIM
FIM
FIM
FIM

domingo, 16 de janeiro de 2011

A viagem...*(continuação)

Continuação...

Gare do Oriente! Ali, tão perto de si todos os dias, e nunca a visitara, estava na hora de embarcar em outras viagens, pensou!
- Um bilhete para Madrid se faz favor.
Procura na carteira o maço de tabaco enquanto a Sra. com um sorriso postiço esticava os dedos preguiçosos nas teclas do computador para indicar o destino de mudança.
Agradeceu, com um sorriso equivalente, acendeu um cigarro enquanto dobrava o bilhete e sem saber como o metia dentro do maço do seu vicio reavivado, havia já meses que não fumava…
Sentou-se no lugar á janela, queria admirar a beleza que pudesse haver naquela tarde nublada, tão cinzenta como o seu coração.
Mas não encontrava, fincava o olhar num ponto fixo do vidro por onde escorriam imagens, e nada tinham a ver com as imagens do filme que rodava há já uns dias na sua cabeça.
Procurava na paisagem ondulante um vazio, um vazio que por momentos a engolisse da realidade…
Momentos depois de o comboio começar a entrar no andamento certo e ininterrupto, desvia a cabeça do vidro, e ergue os ombros respira fundo e promete a si mesma que não vai ceder á melancolia!
Arrumar as ideias!
Isso mesmo arrumar as ideias, nas prateleiras invisíveis da mente e concentrar-se no que realmente importa!
O futuro.
Procura na carteira a agenda para conferir os últimos pormenores da reunião, vem-lhe primeiro á mão o maço de cigarros antigo, e pensa começar já por ali, não iria agarrar-se de novo ao vício que já tinha esquecido. Deita-o fora juntamente com outros papéis que agora já não faziam sentido, como recadinhos de amor em papel autocolante que encontrava de vez em quando pela manhã colocados no computador, ela para os desfrutar durante o dia trazia-os consigo. Sentimentalista de meia tigela disse de si para si!
Amarrotou tudo e colocou no cestinho do lixo que encontrou na casa de banho serpenteante deste comboio fantasma.
Quase fantasma, quase vazio, pelo menos a carruagem que ocupava, mas preferia assim, teria mais espaço e silêncio para reflectir e descansar.

- Bilhete por favor. Acordou-a a voz do revisor.
- Sim, um momento enquanto procuro aqui…o…bilhete…Oh, não… o meu bilhete! Não é possível que eu o…tenha…colocado no maço…oh, merd…! Não é possível!
- O bilhete por favor minha senhora!
- Sei que pode parecer absurdo, e vai rir-se de mim, mas acho que deitei o meu bilhete fora, era um habito que tinha de quando era estudante, tirava o bilhete e metia-o dentro do maço dos cigarros assim estava sempre á mão, e acho que a minha mente não se esqueceu e comandou sem me avisar… e agora que faço?
- Pois eu não sei, sou novo neste emprego, sabe como é, a crise obriga-nos constantemente a mudar e eu não sei o que se faz numa situação destas, e se me está a mentir e não há bilhete nenhum? Sabe-se lá o que as pessoas hoje em dia inventam para não pagarem?
- Juro que comprei bilhete!
Os olhos suplicantes pediam-lhe que acreditasse que era verdade.
E ele sabia que era verdade, estava sentado na gare á espera do mesmo comboio para trocar de turno com o colega que chegaria á hora certa como um relógio suíço. Quando reparou na silhueta daquela mulher elegantemente vestida e com o olhar distante!
O seu emprego de detective nas horas livres, tinha lhe dado a sabedoria e a perspicácia de estar atento a pequenos detalhes que a outros pareceriam comportamentos normais. Viu exactamente o gesto inconsciente das mãos a agirem sozinhas, a dobrarem aquele rectângulo de papel, pois a mente não as comandava estava demasiado ocupada. Só não sabia com o quê, mas iria descobrir…
Ficou feliz ao ver que embarcara no mesmo comboio que ele…

- Bom, eu vou continuar, espero que encontre o bilhete voltarei aqui quando acabar de controlar tudo!
E voltou, mais tarde, muito mais tarde, ficou parado encostado ao banco a vê-la dormir com as mãos entrelaçadas em volta do estômago.
Como é bonita!
O sorriso maroto denunciava-o.
Adivinhava o contorno dos seios, bailarinos que dançavam numa liberdade conquistada debaixo daquele vestido primaveril!
Sentou-se ao seu lado. Acordando-a com um suave toque no ombro.
- Não encontrei o, o bilhete…Disse-lhe sobressaltada.


Continua...
*N.A_ A viagem...(Mini texto escrito a pedido de uma pessoa para participar numa selecção de mini contos.)
Fotos Flor Alpina

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A viagem...*


Cerrava os olhos, e passava continuamente em rodapé a imagem que vira naquela tarde, algumas coisas são tão imutáveis como previsíveis. Era óbvio o que a família e as pessoas que a rodeavam lhe tinham dito, os amigos em várias ocasiões, tinham contando aventuras em jeito de brincadeirinhas de mau gosto, em tons acusatórios, e ela continuava a não querer ver, a não querer acreditar.
Gostava demasiado daquele homem, fora o seu primeiro e único amor!
Desvia uma lágrima teimosa com o dedo indicador, e pergunta a si própria num grito mudo que lhe rasga as entranhas, porquê?
Porque sempre lhe fora fiel e ele a traía com um qualquer rabo de saia que se lhe abanasse pela frente? Porquê?
Ainda que lhe doesse muito, não queria lamentar o momento em que naquela tarde tivera que ir a casa, que já era deles, a seguir ao almoço para buscar uma pasta que se esquecera com uns documentos importantíssimos da multinacional onde trabalhava como assessora. Sabe de cor o filme que viu em matiné na sua própria cama, o seu noivo e uma perfeita desconhecida!
Perfeita sim, era dona de um corpo sensual, e perfeito, a mulher que abusivamente desfrutava do prazer do seu noivo na sua cama!
Não dissera uma palavra desde que entrara sorrateira como uma raposa na sala e se apercebera de que havia dois copos em cima da mesa e muita roupa que não lhe pertencia espalhada pelo chão. Seguiu os sons ofegantes e ritmados dos amantes, que flutuavam em casa e a levavam á toca do prazer! Observava pela porta entreaberta do quarto, todo o esplendor de primeira fila o espectáculo para o qual não comprou bilhete e jamais pensaria assistir! Qual músico dedilhando com carinho uma viola de prata numa melodia em uníssono, fusão perfeita entre instrumento e maestro, suspendiam as notas repetitivas nos lábios de ambos sugavam-nas pelo corpo/palco escorregadio, para depois sopra-las de novo nos tons mais obscenos dos acordes e num ritmo mais e mais rápido terminar numa apoteose sincronizada de orgasmo simultâneo!
Clap clap clap!
-Perfeito! Consegue dizer enquanto contém a raiva e as lágrimas, aplaudindo de pé com a porta do quarto escancarada agora, e morrendo de pé como as árvores!
- Carla! Não é o que parece! Espera!
- Pois não Nuno! É muito mais que o que parece!
Depois de tudo resolvido entre ambos, ou mal resolvido, nada mais havia a dizer, ou muito pouco, a não ser “ACABOU” … ela seguiria o seu caminho e ele os caminhos ou encruzilhadas que o levariam por certo às mulheres fáceis com quem se cruzava.
Os poucos haveres que tinham adquirido em comum assim como um belíssimo apartamento num condomínio de luxo logo resolveriam que rumo lhe dar. Agora tinha que seguir! Ou melhor tentar seguir…

Deveria apanhar o avião que a levava a Madrid na segunda-feira bem cedo, para poder estar presente numa reunião de negócios que decorreria pelas 14 horas num grande empreendimento turístico.
Não dormira nada na noite de quinta para sexta-feira, ouve as notícias enquanto bebe um café bem forte para a manter acorda e nada se alterava, a nuvem de cinzas vulcânicas continuava a tapar o céu, o que implicaria não ter certezas de poder voar para Espanha como planeara.
Decide ir de comboio!
Até lhe faria bem mudar de ares mais cedo que o previsto! Respirar a liberdade que readquirira ainda que pelos motivos que foram…
Continua...
*N.A(Mini texto escrito a pedido de uma pessoa para participar numa selecção de mini contos.)
Fotos Flor Alpina

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Parabéns! Como quem (te)ama (de)mais...

Como quem (te) ama (de) mais...

Utopias de alegrias condensadas num beijo
Que escorre dos lábios ressequidos do hábito
Rasgamos com carícias véus de silêncio…

Foste
Lavrador de quimeras semeando em mim os frutos do nosso amor
(Dois não...) Assim… só um mais um…

Seguras-me a mão nas alegrias
E nas quedas abruptas de montanha russa da vida!

Acordas-me dos sonhos,
Mas a realidade fustiga e se faz tarde de crepúsculos distantes que pesam…
Sem auroras boreais á vista…

És meu abrigo dos ventos traiçoeiros
Meu porto seguro num mar revolto…

Mares de alegrias…
Marés de confusões…
Oceanos de lágrimas…

Dos novelos de sentimentos confusos
O fio certo, nas meadas da vida
Tão cheia de pontas soltas…

Destroces-me os braços emperrados pela distância do tempo
Do tempo que não é nosso
Reclamas um abraço

Colorimos de palavras nossas
Abstractas telas de esperança
Nas mantas que o destino agreste recorta…

Na rouquidão dos passos aflitos
Sentimos juntos o passar dos anos
Seguindo em frente
Na estrada que de vez em quando desaparece
Apontando longe o rumo do horizonte…

Somos felizes com farfalhos de dias
Tatuando momentos em nos…

E o olhar levanta-se
Encontra-se
E brinda-te com mais um ano
Numa melodia repetida
Que outra não sei inventar…
PARABÉNS!

(Palavras FlorAlpina
Foto marido da Flor)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

...Das borboletas que sinto no estômago...

Fala-me desse lugar
Que tu dizes que existe.
Mas eu…
Eu não sei se existe…
Nunca lá estive!
Fala-me desse lugar
Onde o artesão do tempo tece o dia conforme quer
E as noites claras para não ter medo do escuro!
Fala-me desse lugar!
Desse lugar onde me queres levar,
Mas...mas quando estivermos perto avisa-me!
Porque sabes…
Tenho medo das borboletas! Sim das borboletas!
Das borboletas que sinto no estômago!
Tenho medo…que os corpos dessas borboletas se transformem de novo em larvas!
Sim, sim! É das larvas de palavras que tenho medo!
Tenho medo que não façam a metamorfose perfeita e me apanhem no meio da transformação façam de mim um bicho de seda!
Ou uma lagarta das couves!
Ouves?
Tenho medos que brotem os poemas dos bolbos enterrados na terra escura de folha branca com as palavras enrugadas até á raiz como folhas amachucadas a tilintar no cesto dos papéis…essas palavras que amolgo por a borracha já gasta do passado se recusar a apagar…e o lápis de ponta partida adormecido ao pôr-do-sol no berço da minha mão não saber desenhar palavras novas…
É disso que tenho medo afinal…não é das borboletas que sinto no estômago…


(palavras e fotos FlorAlpina)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Vontades que morrem na praia...

(Imagem do Mar)

Pescadora de sonhos avulsos num mar desconhecido…
Nem sei como se chama, é um mar sem nome…
Lanço o anzol de palavras mar adentro. Do mar, ao mar que sinto dentro…distante e tão perto…próximo e tão distante…presente e ausente…esse mar que me confunde…envolve-me nas torrentes…lança-me o repto…incita vontades e muda de cor…arranco das entranhas de mim as memórias presas na ponta do anzol…agonizam agora como um peixe fora de água, recordações…obstruídas as guelras de silêncio, e do sulco/ferida que se fez, escorre solitário o desejo pegajoso. Sinto a saudade bater forte, quando o vento norte sopra por entre réstias de noites passadas. Ignoro o semáforo vermelho do sol distante a queimar-me as pestanas de insónia. Navego entre reticências, rochedos flutuantes da mente… e o horizonte distante estava logo ali entre parênteses…depois do portão renitente de nostalgia…
E não sabia que mais cedo ou mais tarde iria querer içar a âncora, pérola pesada da realidade…soltando-se nos intervalos das iras recortadas da montanha, que o mar seduz e fustiga… formando tempestades de conceitos e preconceitos, afogando nas ondas o ego escondido nos barcos podres, á deriva, a tresandar a bolor de tempo passado, segredando lamúrias inúteis a cada investida do mar, ao bando de gaivotas surdas que agitavam a maresia com as asas pesadas como velas de navios rasgadas…
E no céu acetinado, dos rastos que se cruzam, distinguem-se as marcas tatuadas dos desencontros…
Do céu sobre o mar as vontades que morrem na praia…caídas do precipício da montanha…
Gotas de ilusão que o coração vertia e enchiam as marés…Momentos que não se repetem…
Secaram-se as marés transbordantes de magia…e de palavras roucas de silêncio…
Evocando na espera as vontades que morrem na praia…
(Palavras
FlorAlpina)

sábado, 1 de janeiro de 2011

Travessia...

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas
Que já tem a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos"
Fernando Pessoa
Foto, FlorAlpina
Desejo a todos um Feliz 2011