sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Auf Wiedersehen...

[Por detrás dos óculos
O olhar inquieto trajando de castanho mas sem encanto tamanho]

E os raios da desgraça queimam-me as forças!
Ensaio a fuga contra a cegueira no labirinto de palavras…
Tropeço nas vírgulas que estilhaçam á minha passagem, cedem ao meu peso, e erguem-se de novo formando barreiras opacas que não me deixam ver a luz neste túnel de medos!
Apertam-se contra mim as paredes viscosas pintadas de indiferença dos porquês que rasgo com as mãos enquanto fujo de mim, para me encontrar mais á frente á minha espera e com um ramo de sorrisos murchos ao colo, pronto a colocar na sepultura da alegria que não conheço nasceu morta de um aborto de miragem que a ilusão me mostrou…como se apenas ser feliz fosse crime!
Sento-me no chão e recolho as cinzas das forças, tento reconstruir umas asas de Fénix com os fragmentos de nada, entretanto diluídos com o suor da fuga, esfrego as mãos sujas em busca de uma carícia, semeio numa pétala caída a flor que virei colher mais tarde, onde tacteando saberei onde está pelo perfume que emana dos espinhos que me ferem…



Várias dificuldades surgiram nos últimos tempos, obrigando-me a estar mais ausente do meu e dos vossos blogues.
Um problema de saúde que me acompanha há já algum tempo obrigou-me a tomar uma decisão que me tem deixado nervosa, ansiosa, e ao mesmo tempo a mesma decisão dá-me uma esperança que alguma coisa pode mudar, espero vivamente para melhor!
O último texto, assim como este, são um pequeno reflexo dos sentimentos que tenho vivido.
Agradeço a todos que têm notado a minha ausência e têm demonstrado preocupação para com uma pessoa que nem sequer conhecem, enviando por email e nos comentários que me pedem para não publicar, as mais variadas formas de apoio e carinho! Muito obrigado!
Espero que no próximo sábado tudo (me) corra bem para poder voltar de novo a fazer o que gosto!
Voltarei assim que puder (se puder) …

Até lá…
Auf Wiedersehen...


(Palavras e foto
Flor Alpina)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Gotas de céu...

Escorrem pelas frestas dos olhos
Gotas de céu
Que sabem a sal
Por culpa do dia que se tornou noite de improviso
Acendeu-se a escuridão antes da hora
Apagaram sem me avisar as frases por inventar
Arrumaram o livro aberto onde escrevia sentimentos na estante mais acima numa prateleira onde não consigo chegar!
E a escada é um risco!
Os sapatos de borracha apagam os degraus enquanto tento subir!

E as gotas de céu
Que sabem a sal
Escorrem pelas frestas dos olhos como seiva venenosa
Encolhem a memória verde esperança á sua passagem no rosto lavrado pela dor! [Maldita fonte de inspiração!]
Fazendo-me sentir do meu tamanho, grão de areia perdida no deserto
As vozes eram distantes,
E os gestos ausentes…
E numa fracção de segundos a noite! Continuada pela pressa de caracol, amputando-me os movimentos na incerteza!


(Palavras e foto FlorAlpina)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Quando a maré baixar


Tentei prender o mar
Com palavras presas na garganta
Guardar a cor vermelha com que o inventei
Mas o calor de Agosto ardia-me nas mãos!

Tentei algemar o mar
Na retina, nas imagens
E dentro de mim
Mas a sombra da distância gelou-me o peito!

Tentei amarrar o mar
Com uma corda de sonhos
Presa na saudade entre o céu e o sopé da montanha
Mas a erosão dos dias fê-la rebentar devagar

Tentei inventar um mar
Que fosse só meu
Para sentir a meus pés nus
O sabor da maresia nos dias cinzentos

Quando a maré baixar
Vou soltar a corda que me prende ao mar
E vê-lo partir lentamente
Aguardei a hora em que me envolverias em tuas ondas
Na areia do pensamento
Acostumei-me a não existir
Sentada na soleira dos dias
No cimo dos sonhos
Numa hora inventada por mim
Nos momentos por acontecer
A vontade de te agarrar castigou-me
Cansei de avisar as mãos errantes
Que escreviam palavras nos areais sem nome
E hoje esfarrapadas da força desmedida com que tentavam aprisionar a liberdade do oceano, sangram saudades e tingem de vermelho as marés!
(Foto e palavras
FlorAlpina)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Trancaram as palavras num baú de pedra...

**********
*****************
****************************
*************************************
*******************************************
Esvoaçaram as folhas brancas onde escrevia o desejo
Trancaram as palavras num baú de pedra...
O tempo torna-se um pingo
Tingindo de noite
E negro
A tela
dos
dias...