quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Do you believe?

Do you believe?
I believe in myself...


Bom Ano 2010...

A todos os que me rodeiam…
A todos os meus familiares…
A todos os meus amigos…
A todos os que me visitam aqui…
Desejo saúde…
Desejo paz…
Desejo amor…
Desejo amizade…
Desejo harmonia…
Desejo compreensão….
Desejo…
Um Bom Ano 2010, repleto só de coisas boas…

Errar é humano, perdoar e ajudar quem errou, é mais humano ainda!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Esperando...o...(In)Esperado...


Na resposta,
Demorada…
Dias e dias a fio,
Esgotei nos últimos tempos,
Conjugações infinitas do verbo esperar,
Desesperando…
Vesti apertadas esperanças vãs,
Desconfiando...
Absorvi incertezas,
Com a certeza apenas do não por resposta…
Desanimando…
Bebi lágrimas sem custo,
Que com o hábito aprendi a disfarçar…
Dissimulando….
Andei sobre as nuvens frágeis de ilusão,
Escutando a cada passo dado,
O som das bolhas irrisórias de confiança a estourarem…
Deprimindo…
Moldei forçados sorrisos de coragem,
Com lábios rasgados pela aspereza…
Doendo…
Sobressaltei dos pesadelos reais,
Nos escassos sonhos que sonhei,
Desassossego…
Cansei-me de aguardar,
Agora já sei, o que não chegará nunca!
Despi-me das esperanças,
Desapertando os fechos que me apertavam,
Desabotoando botões,
Pois já não pertencem às casas gastas da espera,
Sai da emboscada infinita desse maléfico verbo esperar…
Desanimada…
Engoli as certezas cruas, admitindo verdades devastadoras,
Projectadas por reflexos enganadores…
Vangloriem-se, pavões emproados, no palco da minha desventura!
Falsos vencedores nesta viciada ribalta!
Saciei a secura de vencer, com as lágrimas que verti,
Gastei os sorrisos moldados do tempo em que era criança…
Caminhei sobre o areal, inundado de enganos…
Quero adormecer nas dunas do esquecimento…
Num invulgar sono surdo, onde já não quero sonhar…
Será mais fácil não sonhar, não acordar, quando temos a certeza logo pela manhã, que ao entardecer teremos que varrer, os cacos de mais um dia quebrado…
Recolho ainda com muito cuidado os pedaços aguçados, de mais um sonho despedaçado…





terça-feira, 29 de dezembro de 2009

(Des)Ilusão...


Dor que me
Espreme
Sempre que me dou, esbate-se em mim
Intrépido destino voraz
Leva-me a vontade de viver
Usurpa-me o sorrir que já não tenho
Sina minha, ou pueril intuição
Apetece-me simplesmente gritar:
Odeio-te! Odeio-me! Por me iludir ainda…

domingo, 27 de dezembro de 2009

Noite...(In)Feliz...



Acendo as velas...

Sinto ao entrar na cozinha o aroma de canela no ar.
Mas…
Mas, não me cheira a Natal.
Observo o vapor que sai da panela, onde ferve o molho adocicado, para as filhoses. Água, açúcar, paus de canela, e um segredo.
(Como te vi fazer tantas vezes mãe).
Olho, o vapor dissoluto a ser sugado pelo exaustor.
(Arrastando consigo a pouca vontade que me resta de festejar o Natal…)
Reparo na consistência do molho que começa a ficar espesso.
(Como a minha dor…)
Olho de relanço o alguidar onde a massa das filhoses, fermenta a olhos vistos.
(Fermenta também veloz o alvoroço das minhas memórias, de Natais passados...)
Desligo tudo, visto o casaco, bato com a porta e saio de casa!
(Pudesse eu desligar-me também…)
Vou sair de casa mas não sei para onde vou…
(Queria apenas inexistir nesta quadra…)
Mas fora, o ambiente é ainda mais nostálgico e constrangedor.
(Ou sou eu a nostálgica, despegada deste ambiente…)
Luzes, multidões, confusões, canções de Natal já gastas perpetuam no tempo.
(Avivam-se recordações, inúteis, de vivências entorpecidas por defesa…)
Apetece-me fugir, para um sítio algures, por ai, onde ninguém festeje o Natal.
(Fugir do Natal? Fugir do passado caduco que me persegue? Ou fugir de mim?)
Abalar…Para um lugar longínquo onde não exista Natal…
(Vontade sazonal de hibernar…)
Não gosto do Natal!
Volto a dizer, a escrever, o que já disse vezes sem conta, e sem tirar uma vírgula que seja.
Não gosto do Natal!
Não, não me julguem ou critiquem, por eu dizer que não gosto do Natal.
Não, não me digam que é pecado dizer isto.
Não, não me digam que é ofensa, como daquela vez que passei a consoada adoentada, acamada com febres altas, e me disseram que era castigo, por eu dizer estas coisas.
Não gosto do Natal, deste Natal de Dezembros frios, cobertos com luzinhas de mentira. De brilhos ilusórios. De fitas coloridas. De embrulhos vazios.
De pinheiros já defuntos, a salivar o desbotado verde. O reflexo da lareira, mostrado no luzidio das bolas penduradas, com fios dourados.
Pavoneiam-se pelas ruas, pelas lojas, por todo o lado, “palhaços” pançudos vestidos de vermelho. (Nunca acreditei no Pai Natal, nunca adivinhou o meu simples pedido, humilde súplica, renovada tantas vezes, quantos os Natais que passaram, sem existir o verdadeiro significado do Natal…)
Exuberâncias desnecessárias, nesta quadra de enganadores pedidos.
Sejamos amigos, sejamos irmãos, sejamos família, sejamos condescendentes,
Sejamos solidários, sejamos, sejamos, sejamos…
Altruístas desta quadra só? E o resto do ano? Onde estão vocês?
Que Natal consumista é este que apresentam?
Montes de presentes, correrias loucas atrás da prenda perfeita, pelo melhor preço, tentam dar o melhor presente, na expectativa de receber a oferta perfeita!
Falsos desinteressados…
Não, não gosto do Natal! Por tudo isto, e por muito que me atormenta, ainda, e não pretendo escrever…
Pois nem com pozinhos cintilantes, conseguiria camuflar, nem com fitas douradas embrulhar, e nem com luzes de coloridos resplandecentes, conseguiria tornar legível e brilhante algo que é escuro e indizível…
(Sofrimento…)
(Prossigo somente arrastada por uma estranha força, que imprimem sobre mim, os olhares inocentes de meus filhos…)
Tenho a custo já preparada, a refeição da consoada, o tradicional bacalhau com couves portuguesas, (estas por sinal nascidas e crescidas aqui em terras helvéticas, e oferecidas com muito gosto por um casal amigo, bem hajam Sr. M…e Sra. A…)
Hora de jantar, uma mesa cheia (e tão vazia) a couve o bacalhau insípido, as batatas encruadas…
Não gosto do Natal…
Consoada…
Refeição indigesta, com paladar a esquecimento, sobre toalhas de melancolia, guarnecida com os talheres da saudade, servida em porções de orgulho, acompanhada de pedaços envelhecidos de pensamentos escusados…
Será falta de tempero? Insinua-se o galheteiro luzente…
Vocês condimentariam com o quê? Azeite e vinagre?
Pois… eu também, azeite vinagre, e não só…
(Paladar misto, amargo e salgado…)
Não, não gosto do Natal!
Não gosto deste Natal assim...
Não gosto do meu Natal...
Apago as velas...
...e espero nesta indiferença, que mais este Natal sem boas lembranças, se apague na masmorra embaciada da minha memória...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Combates...(IN)Úteis...


É tão forte…
É tão profunda a dor…
Sinto-me insignificante…
Um ser incapaz…
Comparando-me a um saco de boxe...
Recebo sem esperar…
Sem parar…
Do braço solto da hipocrisia…
Socos duros, no vazio…
De um peito dorido…
Sou o alvo fácil, da seta cobarde da inveja...
Da flecha de fúria…
E da lança aguçada da discórdia que me é alheia…
Assim como do dardo pontiagudo do ciúme…
Que acertam em cheio onde a cobertura é mais frágil…
E a túnica mais transparente…
Onde ressalta mais a dor…
Agridem-me com esses punhos cerrados…
Na úlcera viciada…
Da luta contínua…
Dessa assídua guerra onde perco sempre, cada batalha…
Sou leito de um rio poluído de desgraça…
Desagua tudo em mim, como se eu fora um esgoto, ou canal imundo...
Assemelho-me a um íman atraindo todo o tipo de mágoas...
Pântano de desesperos onde me afogo…
Sufocando devagar em amuos…
Consumida de arrufos remotos…
Não me dão tempo sequer de respirar…
Infligem-me com toda a força possível…
Mais um soco fechado…
No meu coração, recem remendado…
Com a linha quebradiça do ânimo…
Rebentam as cicatrizes…
Desta ferida por curar…
Sangra…
Tal é a força do embate, vacilo…
Baloiça a minha mente amordaçada…
Flutuo num pensamento indefinido…
Ameaço cair…
Atiro o olhar cansado no chão…
Temo a queda iminente…
Mas não tombo…
Trémula…
Choro…
Por fim consigo chorar…
Alivio-me neste choro…
Como se um desses socos me tivesse atingido irreversivelmente um canal de lágrimas…
E agora pela fenda causada pela pancada…
De tão malvadas palavras, contra mim, proferidas…
Jorram lágrimas apressadas…
Soltam-se até as lágrimas reprimidas…
As quais consegui até aqui reter…
k.o.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sonho...(Im)Possivel...



Ouço ao longe o som da fogueira a crepitar…
Acordo, indisposta no sofá de veludo…
Onde adormecera, entre almofadas de volúpia…
Vou regurgitar palavras tuas…
Cuspidas a fogo…
As quais bebi, sedenta de quimeras na fonte magistral
Fixo meus olhos na abóbada do amanhecer…
Mas nada vejo…
Que lugar é este?
Onde estou?
Descubro-me ainda cega…
Maldade do teu olhar, de medusa que és
Desmedido o castigo dado por ti…
Por ter contemplado uma acha, alada, flamejante…
Na lareira do teu refúgio de pecado…
Cegando-me repentinamente…
Fazem-me azia os sobejos de letras que me foram servidos á descrição…
Na exuberante recepção, na qual me acolheste em ambiente sagaz…
Lembranças de tempos idos…
Mágoas dos destinos por encontrar…
Na cegueira em que encontro.
Confundo-me e,
Perco-me no inconsciente…
Percorro com cautela os contornos do desconhecido…
Tacteando os limites, por onde me desloco….
Sigo o som crepitante da lareira…
Melodia cúmplice do prazer…
Tropeço em palavras, soltas, espalhadas pelo chão da sala…
Sinto-me perturbada pelo perfume que inalo…
Há no ar um cheiro agradável de resina queimada…
Dos verdes pinheiros outrora cúmplices deslumbrados…
Por actos hereges, envoltos em maresia…
De amores proibidos…
Estendo meus braços errantes, em busca de ti…
Mas não consigo alcançar-te…
Sento-me de novo no macio sofá…
Escuto a sinfonia crepitante do fogo…
No concerto de achas ardidas…
Onde perduraram aplausos de cinzas frias…
Sinto no meu rosto a carícia de um beijo inventado…
No ombro nu, o carinho de tuas mãos distantes…
E ouço meigo o sussurro de teus lábios soltos,
Que me prendem a ti:
_ Buon giorno amore! Te sei addormentata di nuovo sul divano!
Svegliatte, é gia mattina, ti voglio bene, tesoro, sai?
_ Buon giorno caro! Que bruto incubo que ho avuto…anche io te voglio bene!

Abro os olhos...

Olho para a lareira…
Já não arde em labaredas, mas emana ainda algum calor do borralho…
No rescaldo do sono da existência…
Consigo ver afinal…
Fora tudo um simples sonho…
Desligo a televisão e levanto-me…
Esperando a próxima noite…
Para tentar sonhar, talvez contigo…


(foto, olhares.com)

Engano...(In)Consciente...



No meu consciente, engano de poetisa,
A beleza das palavras doces…
Escondem-me um coração vazio…
Só quando a noite já caí…
E sinto a atravessar por entre as folhas das árvores…
O ruído delicado, do murmúrio do vento…
Som, esse que uso como artimanha…
Não é o som do mar, mas assim o invento…
Para enganar saudades…
Do alto da minha gélida montanha…
É na escuridão que sinto a falta que, o mar me faz…
Quero arranjar um exemplar de búzio só meu…
Então certamente conseguirei, sintonia e paz…
Encostarei ao ouvido, e olhando o céu…
Ponte de ligação entre montanha e mar…
E há sombra da solidão…
Da estrela que já brilhou demais…
Sentir de novo a agridoce inspiração…
Que o mar me dá, e não quero perder jamais…


(foto, olhares.com)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Era uma vez...ATCHIIIIMMMM.....


Era uma vez três porquinhos, que viviam na floresta, viviam aterrorizados com medo do lobo mau...
_ Corta! Corta! Está mal contada, a história!
_ Como está mal contada? Não é a história dos três porquinhos e do lobo mau?
_ Sim é, mas essa é a versão antiga...
_ Não estou a perceber...
_ Agora é o lobo mau, que vive com medo dos três porquinhos, nem sequer ousa ameaçar em soprar e levar tudo pelos ares.
_Porquê?
_Porque da ultima vez que tentou aproximar-se da casa deles, e disse a mesma lengalenga de sempre, ou abrem ou sopro e vai tudo pelos ares, bla, bla, bla, os três porquinhos responderam em uníssono:
_" OU TE AFASTAS IMEDIATAMENTE, OU ESPIRRAMOS PARA CIMA DE TI! ESTAMOS COM GRIPE! ATCHIIIIIMMMMM!!!"
Desde esse dia, ninguém mais viu o lobo a rondar a casa. Nem o lobo, nem mesmo as pessoas, pois apressam o passo, e passam a largo assim que ouvem um espirro, encolhendo-se , e afastando-se a correr a sete pés tal não é o medo!
E por causa disso até há quem diga que os três porquinhos vivem felizes e contentes a engordarem, de banquete em banquete, com os lucros do novo negocio em que investiram todas as suas poupanças. Que vai mesmo de vento em popa, um laboratório de vacinas anti-gripe.
A mesma gripe que espalham...

Fim

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Mão vazia...Cheia de silêncios...


Enganou-se por certo,
Quem disse que o silêncio é de ouro!
O teu silêncio…

O teu silêncio, que me é dado a beber,
Em pequenas ampolas de nada…
Revestidas de distância,
Da cor da noite,
Em que em vão te espero…
O teu silêncio…

O teu silêncio são ampolas amargas,
Cheias de vazios,
Que sabem a fel…
No teu silêncio…

No teu silêncio tenho os olhos cansados…
De olhar o infinito em busca de ti…
Nas sombras do teu silêncio…

Nas sombras do teu silêncio, vejo miragens…
Neste deserto sem fim…
Onde já não luto…
Para sair destas areias movediças que me engolem…
No deserto do teu silêncio…

Ah, no deserto do teu silêncio, onde quase vi um oásis…
E sonhei apenas em ser tua odalisca…
Sofro…
E para enganar a dor…
Tomo uma mão cheia de ampolas do teu remédio…
Esse silêncio que me há-de curar, lentamente…
Matando-me…

Eliminando-me...
Em silêncio...

(In)Constante...(des)equilibrio...


A saudade,
É a espada de dois gumes
Que carrego para me defender
E atacar!
A distância é a pedra esmeril
Onde a saudade se afia...
O sonho é a cadeira de baloiço,
Onde me sento
A ler as instruções
Desta corda bamba da realidade
Trapézio
Onde estou suspensa
A tentar equilibrar-me
Para chegar mais além
Ou ao fim…
Mas sem redes de protecção…

sábado, 12 de dezembro de 2009

Reflexões...(Des)Torcidas

















Palavras ocultas…
Verbos distorcidos…
Desajustados no tempo…
Pensamentos confusos…
Sentimentos longínquos
De passados, presentes…
Certezas incertas…
Ideias desordenadas…
Inconstantes vontades…
Intemporais desejos...
Pensamentos sem nexo…
Trazem-me o raciocínio…
Dissecado…
Na espera…
Em que espero sentada…
No incómodo banco da ingratidão…
Incauta resposta…
Na incutida demora…
Intuições enrodilhas…
Iludo-me…
Sozinha…











Em busca de algo…
Alguém…
Uma palavra…
Um gesto…
Ou…
Provavelmente…
Eu, própria…
Verdade inerente…
Talvez…
Me encontre…
Perdida…
E enfim me descubra…
No meio da multidão…




















O som de uma lágrima...

Sentidas palavras...
Sem saber escrevo…
Não peço tão-pouco desculpa por as dar a ler…
Mas não consigo sequer pensar…
Empedernida...
Neste pedestal…
Petrificante...
De desânimo em que caí…
Ensurdecedor é o silêncio…
No qual consigo ouvir…
O triste som de uma lágrima…
A cair na palma da minha mão…
Calejada de amargura…
Da vida dura…
E de fazer sem querer…
A vontade a um coração roto, cego…
Que aceitou sem ver…
O trilho de um miserável destino…
Em que não me foi permitido escolher…
(foto, olhares.com)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O mar...que eu invento...



Sentada no alto desta ravina…
Olho o infinito…
Vale enfeitiçado…
Traiçoeiro…
Entre frias montanhas solitárias…
Sinto repentina uma estranha brisa…
Sopro de mar…
Borbulhar gélido enganador…
Levanto meus pés em vão…
Os banhara já esse atrevido mar…
Que eu sem saber evocara…
Transborda o enfeitiçado vale…
De uma água salgada…
Água de mar?
Ou salgadas lágrimas?
Lágrimas de solidão…
Choradas pela saudade de um mar distante…
Mar que imagino e sinto…
Com a força do meu querer…
Beija meus pés com desejo…
Como se em cada salpico…
Vivesse um meigo beijo…
Estranha magia de cores…
Verdejantes segredos…
Escondidos pela branca espuma…
Esbatidos no negro musgo…
Neste coração rude…
De pedra…
Estarrecido…
Por este sofrer antigo…
Misteriosa montanha de enigmas…
Escritos pela dourada luz do sol de inverno…
Ao som da melancolia…
Bailam…
Voam, soltas as folhas de um caderno…
O ruído do vento abafa com carinho…
O suspiro da poetisa….
Que já não encontra palavras…
Para descrever o vazio…
Desta distância imprecisa…
Ou desta vaga diferença…
Entre a ilusão e a realidade…
Debaixo deste céu imperfeito…
Que une e separa…
A montanha e o mar….
(imagem, olhares.com)

Doce..veneno...



Observas-me mostrando olhares inquietos…
Desvio-me de teu desejo infame…
Persegues-me em atalhos secretos…
Sinto o coração aflito que brame…

Sinto o vil sopro da tua cobiça…
Nesta distância que se encolhe
Ganhas terreno nessa caçada
Neste hostil e obscuro bosque

Abalo já sem fôlego, para te escapar
Insinuas virilidade comigo na mira
Enrolas-te a mes pés no teu rastejar
Roubas-me movimentos, soltas tua ira

Prendes-me vontades
Atiras-me um malicioso olhar
De cada poro teu exalas maldades
Abocanhas-me sem me largar

Desisto de lutar agrilhoada
Pelo teu corpo de serpente
Abandono-me a ti, calada
Engolindo teu veneno lentamente...






Patinho...feio...eu...


Meu coração,
É
Âncora presa no lodo
Desta ria,
lamaçal,
De meu choro...
A alma,
É
a vela,
Içada ao vento
Desta frágil,
Amaldiçoada caravela,
Onde me meteram a navegar...
E sem dó
Abalroaram!
Afundar-me-ei,
Em águas desconhecidas,
Paradas,
Estagnadas…
A quem deram o nome de vida...


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Tarde de mais...Talvez...


Arregalei os olhos brilhantes,
Atingiu-me,
Um relâmpago de espanto e dor,
Desfaleci por instantes
Esvaziou-se todo o meu interior!
Giram meus pensamentos incrédulos,
Amarga agonia profunda em mim.
Sinto-me cair no frio cinzento destes sepulcros,
Ao desflorares certeiro, mortífero espadachim!
Acertaste-me em cheio no peito...

Mataste-me!

Com a espada da verdade,
Era esse o pretendido efeito.

Enganaste-me!

Não conhecia em ti tal maldade...
Nua e crua essa verdade fatal,
Senti o gélido gume penetrar-me o coração...
O que sou eu? Ou o que foi para ti afinal?
Apenas mais uma vítima, e tu o implacável vilão!
Nesta breve história inacabada,
Onde foste quase tudo para mim!
E eu para ti, talvez o nada,
Mesmo que o nada fosse, não merecia este fim…
Pairam sobre meu ser moribundo,
Pedaços dos sonhos que quebraste...
Guarda em ti meu último suspiro profundo,
Neste iceberg em que te transformaste...

Elevo-me agora aos céus!
Aceno-te adeus com um olhar terno...
Já não ouço o arrependimento dos gritos teus:
_ Desculpa-me!
_Amor, perdoa-me...
_Se te disse que não acredito no amor eterno!

Batem leve...levemente...


Bela e silenciosa,
A rua onde moro.
Não é hoje tenebrosa
Calçada de branco...

Que elegante está a noite!

A neve vestiu as árvores nuas,
Do paraíso a esvoaçar
Vejo penas de anjos que cobrem as ruas,
E dão brilho ao meu olhar...

Caem pedaços de céu!

Belos efémeros,
Flocos de neve fria.
Acerta-me como a flecha de eros,
Que prazer sentir, esta seta macia...

Cenário celestial!

Numa harmoniosa agitação,
Dançam, alvos pedaços de nada,
Sem pressa de tocarem o chão,
Ao som divino de uma balada...

Breves e belos momentos!

Não vejo no céu hoje a lua,
Tapada com este espesso manto,
Que cai sobre minha rua,
E a afaga com especial brilho e encanto...

Fragmentos de estrelas!

E mesmo que só um sonho fosse,
Derretendo-se como a esperança.
Assim tal e qual o algodão doce,
Na boca gulosa de uma criança...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mar..vermelho...


Mais que mar…
A migo… meu te sinto…
Rompeste com a monotonia…

Vejo-te sem te ver…sinto-te apenas…
És mar onde confio segredos…
Recanto onde eu… os desabafo sem medos…
Montanha…eu…vejo o mar…que o mar me mostra…
Ébrios desejos…se confundem com a brisa…e a neblina…
Longe da montanha…o mar…
Hoje relembro com gosto…
Ondas de emoção… de uma noite… de um verão…
(imagem imotion.com.br)

Saudades...de mim...


Perguntei à minha mente
Porque vive sempre triste
Ela, disse-me em tom dormente
--- porque teu ser não existe!
Vives de pura ilusão
E em teu pobre coração
Sentimentos não permites
E sem provas de gratidão
Dás-te sempre sem limites!
Não sabia que dizer
Aceitei a resposta então
Esqueci-me de viver
Alimentei-me de ilusão
Sofro de saudade
Sentimento tão profundo
Só o sente de verdade
Quem como eu è viajante neste mundo!
Aprendi amar o fado,
por expressar bem o que sinto
em meu coração acorrentado
só há tristeza não minto.
E digo para mim em segredo
E quando ganhar coragem
Vou lutar perder o medo
Olhar o infinito e fazer minha viagem!

Gotas de ti...cristalino veneno...


Íntimos
Sorrisos breves
Desejos obscenos
Acorrentados no tempo
Apareces do imprevisto azul
Invades o meu nada
Onde flutuo
Seguem-se misteriosos actos
Que duram um instante
Derramas sobre mim
Com gestos profanos
Teu veneno pungente
Fruto espremido da tua maldade
Foges…
Saciado
Esmoreço num vazio profundo
Permaneço impaciente e sofrida
A agonizar a tua ausência
Sufocada...
Pelo teu doce amargo veneno
Repousa no leito incómodo do teu esquecimento meu ser moribundo…
No imortal silêncio intoxicado…
(foto, olhares.com)

Meu par oculto... prisioneira num grito...mudo...

Desencontros…
Quando todos estão de regresso a casa, eu estou de saída…
Para me encontrar de novo contigo…
Chego á hora marcada como sempre…
Horas tardias, finais de tardes, começos de anoiteceres…
Estâncias vazias, sem gente…
Compartimentos atulhados de silêncios…
Ambientes discretos, mas densos que se estilhaçam com ruídos fugazes…
Silêncios, que em breve meus suspiros e lamurias quebraram…
Desempenharei o papel de obtusa, onde recitarei, monólogos intermináveis…
Pois tu, jamais me contestas…não possuis o dom da palavra…
Tenho já impressa, na memória de outras noites, a tua conversa muda…
Esperas-me para te libertar…
És o esqueleto no armário secreto…
_ Estou farta de ti, sabes? Qualquer dia deixo-te ai, abandono-te!
Ameaço deixar-te á mercê de outras mãos que te queiram…
Tenho as minhas mãos já cansadas, calejadas de te segurar com firmeza e habilidade nesta dança, no lusco-fusco, longe de olhares terceiros…
Contenho decência nestas obrigações, que reparto contigo, mas não gosto de ti…
Já te disse vezes sem conta nestas palavras enfurecidas, que te lanço sem dó, porém não entendes, estou farta de ti…
Mas bailo contigo esta última dança…
Digo última, mas sem fim á vista…
Abandonas teu corpo rígido, nos meus braços confiante…
Numa postura hirta começamos…
O palco esse cenário gasto, é só nosso…
Ninguém nos faz companhia nesta dança miserável…
Percorremos cada recanto com perícia...
Ai de nós, ai de nós, se houver amanhã, vestígios visíveis de nossos passos, deste hoje que temos de apagar…
Só tu e eu…
E a música a tua preferida, sempre igual, extenuante música…
Dançamos sôfregos, em simultâneos passos ensaiados pela força do hábito…
Sorves-me as vontades, no tempo que escasseia…
_ Não gosto de ti, sabes? Digo-te isto, com o tom mais rude que possuo…
Mas não me escutas, entoa só o som da tua ensurdecedora valsa…
Nada mais se ouve senão o som da nossa cumplicidade…
Sugas de mim com pujança, as ultimas forças de um dia cansado e gasto…
Tenho os tímpanos doridos, enfadados desta maléfica melodia que é tua…
Porém se repete sem mudança todas as noites…
Dilacerante sina…
Segues meus gestos sem negar, submisso…
Nesta dança desprezível, em que preferia não ser teu par…
Obediente malvado e frio, persegues-me rígido continuamente…
Abraças-me com correntes traiçoeiras que soltas de ti, e te oferecem movimento…

Só eu e tu...

Ébrios semblantes…
Desequilibro-me, um derradeiro rodopio…
Acabou…por hoje chega… já não suporto mais…
Desfaleces, pois soltei o cabo que te prendia a mim…
Prossigo com a convicção de ter dado o melhor de mim, sobriamente…
Sem algum som agora…
Só os meus sussurros discretos mudos, á tua surda quietude…
_ Não gosto de ti, já te tinha dito, sabes disso? Odeio-te!
Encarcero-te outra vez esqueleto, infame nesse armário oculto…
Fecho a porta rodo a chave, e grito-te já do lado de fora:
_ Até amanhã, á mesma hora…
Para mais uma dança não digna de mim...



(primeira foto, olhares.com)

MULHER...adormecida...




Onde estiveste?

Sim pergunto-te a ti?

Onde estiveste, enquanto a vida por ti passou?

Deixaste a passar, sem a viver!

Viveste sempre para os outros, e esqueceste-te de ti...

Estiveste sempre presente, quando os outros de ti precisavam , mas quando eras tu a precisar onde estavam os outros?

Eras tu sempre a primeira a chegar à frente quando era preciso ajudar, e vias os outros recuar quando de ti se tratava...

Foste amiga,Filha,Mulher,Mãe,E empregada para quase todos os serviços...

Mas quem se lembra de ti?

Mulher...

Ninguém, ate tu própria te esqueceste de ti!

Olhaste ao espelho e não te reconheces !

Do teu corpo elegante e esbelto, o que resta?

Como eras, e em que te tornaste...

Para seres boa mãe deste-te sem limites, mas quem se lembra disso?

Possivelmente ninguém, mas como podes tu esquecer?

Se foi teu corpo que deste?

E difícil è esquecer pois quando teu corpo olhas, vês as marcas profundas que jamais se apagarão...

Quem se lembra das dores de parto, para dar â luz teus filhos?

Ninguém só tu...dos tormentos que viveste...Quantas noites em claro passaste...tantas outras só com um olho dormias enquanto com o outro teus filhos vigiavas, sempre alerta quando por ti chamavam, estavas sempre lá.

Embora aos olhos de todos parecias invisível!

E o tempo foi passando e nem te apercebeste.Estavas demasiado ocupada a servir os outros era:_a família, a de longe a de perto, a chegada a afasta, os filhos, a escola etc. etc. o trabalho, a casa ,a roupa, as compras o marido os compromissos...tinhas tempo para todos menos para ti!Nunca ouvias um obrigado de ninguém, um reconhecimento, nada...um bem haja, de vez em quando?

Nem pensar!

Digamos que tinhas a obrigação de ser assim... o direito a estar calada porque o que dissesses podia ser usado contra ti, a assumires a culpa de tudo e todos...

Não tinhas vontade própria, vivias na sombra dos outros... e eras feliz?

Nem tinhas tempo para pensar nisso, de certa maneira eras feliz, era a tua vida...

Mas, e porque agora paraste, mulher?

_PORQUÊ?

Porque me cansei de dar, sem receber!

Porque me cansei de estar, sem existir!

Porque me cansei de mendigar, amor carinho afecto compreensão...

Porque me cansei de ser a sombra!

Porque quero recuperar a mulher que há em mim, acreditar em mim , no meu valor, e viver a vida.

Não vou deixar de ser mãe, mulher, amiga e empregada para quase todo o serviço, mas vou dar a mim mesma a estima que mereço e não deixar que a vida passe por mim sem que a VIVA, e descobrir-me de novo MULHER!”
(imagem, olhares.com)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sentida..."Visão"




Habituei-me a sentir o mar…
A sua brisa doce…
Ao longe…
Eu sei que ele existe…
Acostumei-me…
A imagina-lo …
Sempre quando quero…
Fecho os olhos e sinto-o…
Em meu pensamento relembro-o…
Escuto as ondas…
Uma a uma…
Que me querem contar segredos…
Escuto-as apenas…
E guardo-os para mim esses segredos…
E com a tinta da distância …com a mente…
Escrevo os meus silêncios na areia da praia…
E as ondas amigas apagam-nos depois de lê-los…
Cancelam meus murmúrios…
Depois de escuta-los nas cadencias da saudade…
Melodia débil…
Como a espuma morre…
Esta doçura do mar que eu invento…
No desmedido penhasco do esquecimento…

Aqui onde eu...me (des)encontro...


Aqui onde o tempo não pára…
Aqui onde o sol não brilha…
Aqui onde não ouço o mar…
Aqui onde as árvores já estão nuas…
Aqui onde a macabra mentira vence…
Aqui onde o certo se confunde com o errado…
Aqui onde não é livre a liberdade...
Mas…
Mas...
É aqui que existe um espelho ébrio…
E me diz que sou mutável como a lua…
E que eu não sou eu afinal…
Não sou esta que o espelho mostra…
Essa é a outra, cobarde e intrusa…
Que me esconde atrás dela…
Irrompem de seus lábios trémulos…
Palavras minhas…
Que escondem por medo, sentimentos dormentes…