quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O pai esquece...mas existe o perdão...

(foto Anne Guedes)

Li um livro recentemente, onde encontrei este texto...
Copiei-o...

E hoje dedico-o a alguem especial...
Sim adivinhas-te!
È a ti que o dedico...


Father Forgets

O pai esquece

Ouve, meu filho:
Falo-te enquanto dormes, a mãozinha debaixo do rosto e uma madeixa loira, húmida, caindo sobre a testa. Entrei no teu quarto, só e às escondidas. Há poucos minutos, quando lia o jornal no meu gabinete, apossou-se de mim o remorso. Reconhecendo-me culpado, vim para junto de ti.
Vou dizer-te, filho querido, o que estive a pensar: tenho sido exigente demais contigo. Repreendo-te quando te estás a vestir para ir para a escola; porque lavas o teu rostozinho passando-lhe apenas uma toalha húmida. Censuro-te porque os teus sapatinhos não estão limpos. Chamo a tua atenção com aspereza, quando atiras ao chão alguma coisa que te pertence.
Ao café, encontro mais faltas. Ralho porque desperdiças as coisas, comes apressadamente, pões os cotovelos na mesa e manteiga demais no pão. Passo o tempo a ralhar contigo, meu filho. E, quando sais para brincar e eu vou tomar o comboio, levantas as mãozinhas com um aceno de amizade, e dizes: «Até logo, papá!», e eu, na ânsia de te repreender, franzo a testa e respondo: «Endireita os ombros!».
Quando regresso, à tarde, recomeço as minhas exigências. Enquanto venho pela estrada, procuro-te; vejo-te de joelhos, a brincar com os teus amiguinhos. Descubro buracos nas tuas meias; humilho-te perante os teus companheiros, mando-te seguir para casa à minha frente. «As meias são caras; se tivesses de as pagar, serias mais cuidadoso!». Imagina, filho adorado, tudo isto dito de pai para filho!
Lembras-te de que mais tarde, quando eu lia no meu gabinete, vieste timidamente, com uma espécie de mágoa a brilhar nos teus olhinhos? Quando, aborrecido com a interrupção, olhei para o jornal, hesitaste em entrar. «Que queres?», disse eu, intempestivamente.
Não disseste uma só palavra, mas correste para mim, deitaste os braços ao meu pescoço, beijaste-me e os teus bracinhos apertaram-me com o afecto que Deus colocou floresente no teu coraçãozinho e que mesmo toda a negligência não pode destruir.
E, então foste aos pulos pela escada acima.
Pouco depois, meu filho, o jornal caiu-me das mãos e invadiu-me um receio doentio. Que vantagens me poderia trazer a maneira como te tratava? Descobrir as tuas faltas, repreender-te por coisas sem importância, era a recompensa que te dava, por seres uma criança. Não porque não te amasse; mas porque queria exigir demasiado da tua infância. Tratava-te como se tivesses a minha idade.
E no teu carácter há tanto de bom, de fino, de verdadeiro! O teu coraçãozinho é tão grande como a própria aurora, quando desponta sobre as grandes montanhas. Não podias dar-me melhor demonstração de tudo isto, do que, depois de tudo e apesar de tudo, correres para mim a beijar-me, carinhosamente, dando-me as boas noites. Meu filho, hoje nada mais importa! Vim para junto de ti, e, na escuridão ajoelhei-me envergonhado!
É uma fraca reparação, mas sei que não entenderias estas coisas, se eu as dissesse quando estás acordado. Mas, filho adorado, vou ser um verdadeiro pai. Serei um companheiro teu, sofrerei quando sofreres, rirei quando rires, não direi mais palavras de impaciência. Repetirei a mim próprio, como se fosse um ritual: «O meu filhinho nada mais é do que uma criança pequena!»
Receio ter te encarado como se fosses um homem. E, contudo, quando te vejo agora, filho querido, deitado e despreocupado na tua cama, vejo que ainda és uma criança. Ontem, ainda estavas nos braços da tua mãe, a cabecinha recostada no seu ombro...
Eu estava a exigir demasiado de ti.


Demasiado...



W. Livingston Larned



Dedico ainda a todos os pais/mães, que já esqueceram que foram crianças também...e hoje somos pais/mães e temos o dever de compreender respeitar e perdoar...e colocar nos pratos da balança da vida, o bem e o mal, as virtudes e os defeitos...e com mestria de mercador pesar a peso de ouro os sentimentos...
Abdicar dessas miseras gramas de orgulho ferido...
Esquecer as toneladas de mágoas do passado...
E evitar os sofrimentos da justiça de salomão...
Pois quem acaba por sofrer sempre são os filhos!
Os vossos filhos/as...
Os nossos/as filhos...

Vai valer a pena reflectir...

9 comentários:

  1. Muito bonito, e sim vale a pena refletir, porque o amor de filhos é verdadeiro, é puro, por mais que os repreenda-mos têm sempre um abraço e um sorriso para nos dar...
    Saudade

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  2. É verdade amiga!
    Hoje foi um desses dias. ate eu estou cansada de tanto repreender k a dada altura estava quase a repreender-me por ja não me poder ouvir e ao fim do dia basotu um olhar diferente para a mnha filhota atirar-se a mim e agarrarrando-me com muita força não me deu um bjo, deu-me tantos k perdi a conta. que vergonha a minha.
    Obrigada amiga por colocares este poema

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  3. Tenho dois filhos em casa e compreendi infelizmente cada palavra dita por aquele pai do texto!! E estou a refletir, refletir sériamente! Os nossos filhos são os nossos melhores professores para aprendermos a ser pais, não é mesmo?!

    Um beijo para a cabecinha pensadora da Flor Alpina!

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  4. Como tu dizes, vale a pena reflectir sim!!!


    Beijos
    AL

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  5. Muito lindo!!!!!Vale a pena reflectir... vale apena aprender...

    Vim agradecer sua visita e comentário e lhe dizer que tenho um mimo no meu cantinho para você.
    Bjs
    FELICIDADES.

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  6. Olá Flor Alpina! Não me canso de dizer como gosto deste nick.
    Sobre o texto só vou dizer uas palavras... ligação umbilical.
    Em relação ao teu comentário no meu blogue, o Amador do verso é a recompensa por ter estado 14 anos a tentar publicar. Foram muitos momentos de frustração mas agora sei que valeu a pena ter decidido esperar por uma editora que me reconhecesse valor em vez de fazer uso de cunhas (também não as tinha, eheheh). O segredo é nunca deixar de escrever e ir tentando a sorte, afinal de contas assim é bem mais gostoso realizar os sonhos. Não desistas do teu. Beijos

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  7. VALE A PENA REFLETIR SIM! UMA VEZ QUE TORNA-SE PAI OU MÃE, É PARA SEMPRE... BJS.

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  8. Vale a pena reflectir e "discutir", falar com outros sobre o assunto...
    Abracinho

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  9. Oi, este livro Father Forgets, eu já procurei em vários lugares e nao encontro tem como você e informar onde você comprou?

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