
Cerrava os olhos, e passava continuamente em rodapé a imagem que vira naquela tarde, algumas coisas são tão imutáveis como previsíveis. Era óbvio o que a família e as pessoas que a rodeavam lhe tinham dito, os amigos em várias ocasiões, tinham contando aventuras em jeito de brincadeirinhas de mau gosto, em tons acusatórios, e ela continuava a não querer ver, a não querer acreditar.
Gostava demasiado daquele homem, fora o seu primeiro e único amor!
Desvia uma lágrima teimosa com o dedo indicador, e pergunta a si própria num grito mudo que lhe rasga as entranhas, porquê?
Porque sempre lhe fora fiel e ele a traía com um qualquer rabo de saia que se lhe abanasse pela frente? Porquê?
Ainda que lhe doesse muito, não queria lamentar o momento em que naquela tarde tivera que ir a casa, que já era deles, a seguir ao almoço para buscar uma pasta que se esquecera com uns documentos importantíssimos da multinacional onde trabalhava como assessora. Sabe de cor o filme que viu em matiné na sua própria cama, o seu noivo e uma perfeita desconhecida!
Perfeita sim, era dona de um corpo sensual, e perfeito, a mulher que abusivamente desfrutava do prazer do seu noivo na sua cama!
Não dissera uma palavra desde que entrara sorrateira como uma raposa na sala e se apercebera de que havia dois copos em cima da mesa e muita roupa que não lhe pertencia espalhada pelo chão. Seguiu os sons ofegantes e ritmados dos amantes, que flutuavam em casa e a levavam á toca do prazer! Observava pela porta entreaberta do quarto, todo o esplendor de primeira fila o espectáculo para o qual não comprou bilhete e jamais pensaria assistir! Qual músico dedilhando com carinho uma viola de prata numa melodia em uníssono, fusão perfeita entre instrumento e maestro, suspendiam as notas repetitivas nos lábios de ambos sugavam-nas pelo corpo/palco escorregadio, para depois sopra-las de novo nos tons mais obscenos dos acordes e num ritmo mais e mais rápido terminar numa apoteose sincronizada de orgasmo simultâneo!
Clap clap clap!
-Perfeito! Consegue dizer enquanto contém a raiva e as lágrimas, aplaudindo de pé com a porta do quarto escancarada agora, e morrendo de pé como as árvores!
- Carla! Não é o que parece! Espera!
- Pois não Nuno! É muito mais que o que parece!
Depois de tudo resolvido entre ambos, ou mal resolvido, nada mais havia a dizer, ou muito pouco, a não ser “ACABOU” … ela seguiria o seu caminho e ele os caminhos ou encruzilhadas que o levariam por certo às mulheres fáceis com quem se cruzava.
Os poucos haveres que tinham adquirido em comum assim como um belíssimo apartamento num condomínio de luxo logo resolveriam que rumo lhe dar. Agora tinha que seguir! Ou melhor tentar seguir…
Deveria apanhar o avião que a levava a Madrid na segunda-feira bem cedo, para poder estar presente numa reunião de negócios que decorreria pelas 14 horas num grande empreendimento turístico.
Não dormira nada na noite de quinta para sexta-feira, ouve as notícias enquanto bebe um café bem forte para a manter acorda e nada se alterava, a nuvem de cinzas vulcânicas continuava a tapar o céu, o que implicaria não ter certezas de poder voar para Espanha como planeara.
Decide ir de comboio!
Até lhe faria bem mudar de ares mais cedo que o previsto! Respirar a liberdade que readquirira ainda que pelos motivos que foram…
Gostava demasiado daquele homem, fora o seu primeiro e único amor!
Desvia uma lágrima teimosa com o dedo indicador, e pergunta a si própria num grito mudo que lhe rasga as entranhas, porquê?
Porque sempre lhe fora fiel e ele a traía com um qualquer rabo de saia que se lhe abanasse pela frente? Porquê?
Ainda que lhe doesse muito, não queria lamentar o momento em que naquela tarde tivera que ir a casa, que já era deles, a seguir ao almoço para buscar uma pasta que se esquecera com uns documentos importantíssimos da multinacional onde trabalhava como assessora. Sabe de cor o filme que viu em matiné na sua própria cama, o seu noivo e uma perfeita desconhecida!
Perfeita sim, era dona de um corpo sensual, e perfeito, a mulher que abusivamente desfrutava do prazer do seu noivo na sua cama!
Não dissera uma palavra desde que entrara sorrateira como uma raposa na sala e se apercebera de que havia dois copos em cima da mesa e muita roupa que não lhe pertencia espalhada pelo chão. Seguiu os sons ofegantes e ritmados dos amantes, que flutuavam em casa e a levavam á toca do prazer! Observava pela porta entreaberta do quarto, todo o esplendor de primeira fila o espectáculo para o qual não comprou bilhete e jamais pensaria assistir! Qual músico dedilhando com carinho uma viola de prata numa melodia em uníssono, fusão perfeita entre instrumento e maestro, suspendiam as notas repetitivas nos lábios de ambos sugavam-nas pelo corpo/palco escorregadio, para depois sopra-las de novo nos tons mais obscenos dos acordes e num ritmo mais e mais rápido terminar numa apoteose sincronizada de orgasmo simultâneo!
Clap clap clap!
-Perfeito! Consegue dizer enquanto contém a raiva e as lágrimas, aplaudindo de pé com a porta do quarto escancarada agora, e morrendo de pé como as árvores!
- Carla! Não é o que parece! Espera!
- Pois não Nuno! É muito mais que o que parece!
Depois de tudo resolvido entre ambos, ou mal resolvido, nada mais havia a dizer, ou muito pouco, a não ser “ACABOU” … ela seguiria o seu caminho e ele os caminhos ou encruzilhadas que o levariam por certo às mulheres fáceis com quem se cruzava.
Os poucos haveres que tinham adquirido em comum assim como um belíssimo apartamento num condomínio de luxo logo resolveriam que rumo lhe dar. Agora tinha que seguir! Ou melhor tentar seguir…
Deveria apanhar o avião que a levava a Madrid na segunda-feira bem cedo, para poder estar presente numa reunião de negócios que decorreria pelas 14 horas num grande empreendimento turístico.
Não dormira nada na noite de quinta para sexta-feira, ouve as notícias enquanto bebe um café bem forte para a manter acorda e nada se alterava, a nuvem de cinzas vulcânicas continuava a tapar o céu, o que implicaria não ter certezas de poder voar para Espanha como planeara.
Decide ir de comboio!
Até lhe faria bem mudar de ares mais cedo que o previsto! Respirar a liberdade que readquirira ainda que pelos motivos que foram…
Continua...
*N.A(Mini texto escrito a pedido de uma pessoa para participar numa selecção de mini contos.)
Fotos Flor Alpina
Uma história que infelizmente tanto se repete, Adorei a forma como está descrita, fico a aguardar a continuação ;-)
ResponderEliminarbeijinhos
Minha querida
ResponderEliminarHoje passando apenas para te deixar carinhos...beijinhos e dizer que estou de volta e com saudades.
E agradecer o teu carinho de sempre.
Sonhadora
Olá Flor...
ResponderEliminarNarrativa escorreita, descrita como se espera de uma excelente contadora de histórias.
A poetisa me encantou e a contadora de histórias que estou agora a conhecer, me cativou muito, também.
Fico na expectativa do capítulo seguinte, promete!
Beijo e kandandos meus.
Adorei... história fascinante.
ResponderEliminarBjs em seu coração.
É uma delicia ler-te!... fico ansiosamente esperando o desenrolar da história!
ResponderEliminarBeijos...
AL
Gostei da cronica tipo cotidianesca. Muito bem escrita
ResponderEliminarPassei aqui lendo o que tem pra ler. E observando o que tem para observar. E Exaltando o que tem de ser Exaltado. Estou lhe desejando um Tempo de Harmonia e de muita Inspiração. Entendo ter um blogue Agradavel, muito bom e Interessante. Eu, também tenho um. Muito Simplório por sinal. E estou lhe Convidando a Visitá-lo e, mais. Se possivel Seguirmos juntos por eles. Estarei Muito Grato esperando por Você lá.
Abraços de verdade e, fique com DEUS
Flor;
ResponderEliminarEstilo agradavel de se ler. Suave, rompantes nem estremecimentos,... apenas doce como a Lua, quente como o Sol.
Que venha o próximo capítulo.
bjs.
Osvaldo
Não sei se estarei em Genève no dia 22 mas se estiver, eu e minha esposa tudo faremos para lá estarmos na Camões...
Conto nuito bem escrito, cheio de ritmo e a retratar uma situação que demasiadas vezes acontece! Apesar de tudo, ainda bem que se fez "luz" antes de serem assumidos "compromissos" mais "definitivos"... aguardo a continuação, com curiosidade!
ResponderEliminarBeijinhos
"Sabe de cor o filme que viu em matiné na sua própria cama"
ResponderEliminarem palpos de aranha até ao desfecho (in)evitável :)
beijos desde aqui, bem junto do mar!
Gostei deste conto!
ResponderEliminarFico à espera da continuação.
Bjs
G.J.
Flor
ResponderEliminarAcho que o comentário que enviei agora passou, mas em todo o caso,quero dizer-lhe que gostei do conto e espro pela continuação.
bjs
G.J.
gosto do modo que vc desenvolve teus posts...
ResponderEliminarMaurizio
Ora, ora. Desconhecia esta sua faceta. Força, em frente é o caminho.
ResponderEliminarNada pior de que uma surpresa desse tipo, principalmente tratando-se de quem amamos.
ResponderEliminarComo querer caminhar feliz depois disso?
Só o tempo pode nos ajudar...
Fiquei curiosa para saber como será a volta por cima dessa história.
Abraços e ótimo fim de semana
Puxa que história, a forma que você
ResponderEliminarcontou passou um sentimentalismo lindo!
Espero que tenha continuação rs
Bjõ
Olá Flor,
ResponderEliminarGostei imenso deste primeiro episódio. Um conto, que bem podia ser verdadeiro, muito bem escrito que nos faz desejar saber como termina.
Vou já ler o outro episódio.
Um forte abraço
canduxa
hoje sim, vim ler-te, e vou continuar, poi estou a ver que aqui está uma bela história muito bem escrita
ResponderEliminarbeijos