quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A viagem...* (Fim)


(Continuação)

- Não há problema, se me contares o que faz uma mulher bonita como tu a viajar sozinha, e com uma história tão triste nuns olhos tão….tão azuis!
- É uma longa história, e acho que isso é…é chantagem!
- Temos tempo, não vamos parar nas próximas horas, e eu acho preferível a ter que te denunciar por falta de bilhete…
- OK, aceito…
Resumiu tudo a meia dúzia de frases sem interesse, e sentiu o impulso de confiar ou pelo menos desabafar naquele ombro amigo…que não tardou lhes fazia de almofada, era o cansaço da noite anterior em que não tinha dormido a vir á tona.
Ele intencionalmente ou não guiou a cabeça dela até ao seu colo.
Sentia o seu desejo a crescer, comoveu-o tudo o que Carla dissera, sentiu algo que não sabia dizer por palavras. Sabia sim que o excitara a sua meiguice, dava-se conta como crescia por ela o seu desejo, o seu desejo e não só, havia algo mais que triplicara de volume ao sentir o respirar dela ali tão pertinho de si!
Não sabia se ela dormia mesmo, ou fingia que dormia numa atitude carente.
Deixou a mão seguir a vontade de acaricia-la, serenamente começou por o ombro esquerdo deslizando até ao pulso e só com um dedo tocando na pele dela fez a viagem de regresso ao ombro, encorajado por um doce suspiro dela continuou o toque das mãos rumo ao umbigo, por cima da roupa.
Em segredo um fogo de desejo ardia-lhe no peito, sentia que o olhar dele a despiu lentamente como se desfolhasse uma flor!
Vagarosamente abriu os olhos e em silêncio olho-o nos olhos e deixou que os seus lábios se encontrassem como se foram conhecidos de uma vida. Agarrou na mão dele mostrou-lhe às cegas o caminho a seguir, os seus seios…
Escutava agora a música de fundo do coração aflito, enquanto adormecia os dedos impacientes, numa sinfonia repenicada nos contornos que antes adivinhara. Sentia o toque do vestido nas costas da mão como um suave lençol de seda. Os mamilos duros segredavam-lhe o quanto ela também estava excitada.
Percorreu com o olhar o horizonte de pernas desabrigadas que há pouco parecia distante, repousando a mão direita no encoberto ondulante e quente das coxas, procurando um oásis que não demorou a encontrar.
A mão fina e morna dela por entre o fecho aberto das calças mexia-se quase ao ritmo constante e firme dos movimentos melodiosos dos espaços dos carris a ecoarem na noite…
Fecharam os olhos experimentando guardar deste modo uma forma diferente de perpetuar nos sonhos reais uma nova versão de amar.
Fizeram amor com o delírio do desconhecido e o desejo de viver cada momento…
Quando acordou de madrugada encontrava-se sozinha, sentiu um aperto no peito, não sabia quem ele era, nem o seu nome sequer. Mas recordaria para sempre o homem que a ensinou a descobrir o que era a essência da expressão “ levar-te ao céu” tinha lá chegado finalmente e por mais que uma vez…
Recompôs-se no banco e tocou com a mão um embrulho amarrotado, apressou-se a ver, e sorriu ao descobrir o seu maço de tabaco vazio amachucado, e amarrado com uma fita vermelha o bilhete de comboio que antes deitara fora, e onde se lia nas costas do mesmo, e escrito por aquele desconhecido, além de uma morada um nome e um número de telefone, também uma frase “Não deites fora o bilhete para a felicidade, esta noite foi só o começo, espero por ti! Não te preocupes…eu encontro-te! Em Madrid…"
*N.A_ A viagem...(Mini texto escrito a pedido de uma pessoa para participar numa selecção de mini contos.)
Fotos Flor Alpina
FIM
FIM
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19 comentários:

  1. Olá Flor.
    Vamos ver se hoje não como letras no comentário!

    Deixa-me dizer que este fim é assim como o início de uma bela história de amor, que terá a sua continuação em Madrid...

    As coisas que podem acontecer num comboio!!

    Só um aparte Flor, essa do triplicar é mesmo a sério ou quiseste beneficiar o galã, para o tornar mais atractivo??
    Bom...de qualquer modo gostei do expediente que ele arranjou para entabular conversa e não só!
    Tenho a certeza que este conto vai ser seleccionado. Óh, se vai...
    Beijinhos
    Janita

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  2. Minha querida

    Foi um belo conto...muito real...uma bela história de amor, adorei ler.

    Beijinho com carinho
    Sonhadora

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  3. Olá Flor...

    O mini-conto...
    Tem os condimentos todos de uma narrativa que prendeu a atenção e o meu interesse e expectativa durante a leitura.
    Não é novidade como aprecio os teus poemas, mas a prosa é também uma arte que dominas e fico na expectativa que nos brindes com outros contos um dia.
    A parte final é de meu gosto pessoal, contem o prelúdio de algo mais e que promete.

    Beijo e kandandos

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  4. Olá, Flor!

    As coisas que podem acontecer num comboio quando se perde o bilhete...
    Afinal o revisor não é um príncipe, mas isso também não importa depois da animação que trouxe à história, que de condimentada passou a picante, e que vai certamente irá agradar ao júri, se este não for muito puritano...

    Boa sorte!
    Beijinhos.
    Vitor

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  5. Só não acredito que este texto seja um miniconto... é um conto. E muito bem escrito.
    Parabéns!

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  6. Gostei do teu conto.
    Achei-o muito bom do princípio ao fim. A tua narrativa é muito bem conseguida prende o leitor do princípio ao fim.
    Querida amiga, bom resto de semana.
    Beijos.

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  7. Nossa! Nem pareceu um mini, e sim uma bela historia, me prendeu os olhos, bjs

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  8. Tu-simplesmente! Texto magnífico! Beijo dos Trópicos

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  9. Oi,Querida Flor!Lindo conto!!!
    A felicidade vem ao nosso encontro quando menos esperamos.
    Beijosss

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  10. Olá amiga Flor!

    Tinha perdido um conto sensacional.
    Este mês de Janeiro não tem sido fácil, mas tudo passará.

    Amiga, li cada linha, cada palavra, simplesmente encantada.
    Se é um conto a concurso tenho a certeza que vais ganhar.
    Posso votar???
    Já que não posso ser a sortuda que se vai encontrar novamente com o homem que a levou ao céu :))))))))) pelo menos votava no texto!!!

    Adorei!

    Beijinhos

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  11. ...querida Flor,
    eu é que viajei neste lindo
    conto com cheirinho de amor
    que deu certo!

    lindo de viver!

    bjbjbjbj

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  12. Uma história de amor condensada num conto...
    Continue a "experimentar" e a alongar-se em alguns pormenores...vai ver que vai sentir um prazer imenso em fazê-lo.
    Mas, por favor não deixe de escrever poesia!
    Abracinho meu!

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  13. um conto muito bonito, espero que o saibam reconhecer, parabéns
    beijinhos

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  14. Oi florzinha, a tua história está muito boa, tem todos os condimentos necessários, para ganhares, é merecedora disso, amiga foi bom, valeu a visita.

    beijinho

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  15. Flor;

    Embora eu já tivesse lido o fim da história, comento hoje, depois da Tertúlia de ontem na Camões.
    Hoje posso dar um rosto à Flor e tudo que posso acrescentar ao conto que terminaste aqui é que te conhecia através da poesia e algumas fotos muito sugestivas que publicavas neste blog. Hoje acrescento que além de poeta és uma grande escritora, romancista e que deves continuar porque a literatura corre-te nas veias.
    O que disse à Ana Casanova ontem à noite repito-o hoje para ti; "Que feliz deve estar Camões lá no Paraíso, ao ver que a sua Alma Lusitana, continua a ser dignificada por lusitanos que trazem na alma a poesia d'ele herdada..."

    Um grande abraço aos teus 3 homens, não fossem eles de Tabuaço, e um beijinho para ti com muita amizade.
    da Ana e Osvaldo

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  16. Quero dizer-te que adorei!!!
    Tens talento para contos e narrativas!...

    Beijos...
    AL

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  17. ola flor chegou ao fim a viagem mas o amor ira continuar em MADRID lindo muito lindo,adorei esta viagem beijinhos

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  18. Olá!
    Que bem que ficou o teu conto. Encontro nele palavras esperançosas :)

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  19. flor-dos-alpes,
    a história prende, porque tem a marca-d'-água da vida.
    a ideia da sua publicação sincopada é bem interessante: reforça a imprevisibilidade e o desejo de agarrar na parte seguinte.
    um beijinho!

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