segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Voou-me do ninho...

Voou-me do ninho…
Um pássaro que não era meu…
Acolhi-o com amor de mãe…
Ensinei-o com afecto…
Acarinhei-o com palavras…
Alimentei-o de amor…

(Sei lá porque choco com carinho…
Os ovos que não são meus…)

Qualquer ninho tem defeito…
E nos nichos perfeitos…
Fluem etéreos os sentimentos…
Abafados por valores supérfluos…
Cifrões como aves de rapina…
Números mortíferos como armas…
Em tempo de caça…
Afinamos um (último) abraço…
Apertadinho…
Que sabes de cor já…
Amparei-te as quedas com minha mão…
Ensinei-te a voar…
Impulsionei-te o voo
E vi-te partir…

Arrancarem-te de meu ninho…
Foi cortarem-me as asas…a sangue frio…
O meu coração é agora uma gaiola vazia…








18 comentários:

  1. ola flor!!!posso sómente imaginar o vazio dessa gaiola chamada coração.. Lhe desejo força e coragem,arriscaria a dizer que o bom passarinho volta ao ninho que o viu nascer,pense que, por morrer uma andorinha não acaba a Primavera,,,
    Beijinhos e muita coragem amiga..

    Ana e Zé

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  2. Flor,
    Que imagens fantástica para ilustrar tão sentidas e belas palavras!

    Beijo :)

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  3. Sintonia perfeita seu post.

    Uma boa semana.

    beijooo.

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  4. Minha querida
    Um poema cheio de dor da partida.
    Muito belo e sentido.As tuas palavras choraram.

    Beijinhos com carinho
    Sonhadora

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  5. somos guardiãs com amor e paciência, quando as passarinhos aprendem a voar, quando partem e voam
    sozinhos é como se uma parte de nós tivesse sido arrancada e nada mais podemos fazer, só estarmos atentas para quem um voo mais difícil não aconteça, se acontecer temos de ter as nossas asas abertas para proteger as quedas
    Beijitos

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  6. São nossos.
    Que importa suas origens?
    Ô minha amiga, gosto do teu jeito de ver,
    de tua sensibilidade...

    "A guerra, a princípio, é a esperança de que a gente vai se dar bem; em seguida, é a expectativa de que o outro vai se ferrar; depois, a satisfação de ver que o outro não se deu bem; e finalmente, a surpresa de ver que todo mundo se ferrou". (Karl Kraus)


    "A poesia é o eco da melodia no universo do coração dos humanos." (Rabindranath Tagore)

    Obrigada sempre pelo seu
    carinho...
    Perdoe-me o silêncio...

    Bjs
    Livinha

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  7. É sempre triste quando alguém parte!
    Mas talvez, brevemente, outra bela ave goze as delicias de partilhar contigo novos cantos, novos voos, plenos de liberdade!

    Beijos
    AL

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  8. Partiu! Têm que partir...temos que deixar as aves voarem, é o seu destino...vão ao encontro do seu rumo, na direcção do seu destino.
    É doloroso "largar" seja o que for que se ama mas é uma realidade da vida...
    Abracinho

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  9. O cuco, como sabe, põe os ovos em ninho que não é seu mas o pardal, esse é o meu preferido: para ele não há constrangimentos: se não tem ninho não importa, se tem, pode até ser no meu coração...
    Beijinho
    João

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  10. *
    bem-haja
    a tua sensibilidade
    e a de Miguel Torga,
    se permites !
    ,
    ,
    Sei um ninho.
    E o ninho tem um ovo.
    E o ovo, redondinho,
    Tem lá dentro um passarinho
    Novo.
    Mas escusam de me atentar:
    Nem o tiro, nem o ensino.
    Quero ser um bom menino
    E guardar
    Este segredo comigo.
    E ter depois um amigo
    Que faça o pino
    A voar...
    ,
    In-miguel Torga
    ,
    conchinhas,
    ficam
    ,
    *

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  11. Muito feliz esta metáfora, quão infeliz é, sempre, o ninho vazio!
    Beijinho

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  12. os rebentos

    do

    coração


    [são flores
    de penas
    e asas]




    *beijo*

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  13. Linda imagem e poesia ...


    Bjo.

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  14. Olá, Flor!

    Quem ganha asas, um dia vai querer voar, e por muito que isso nos custe ... só nos resta aceitar.

    Um abraço, e obrigado pela visita ao meu blogue.
    Vitor

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  15. Oh! Essa última imagem é tão doce!

    Todo o poema é lindíssimo, maravilhoso!

    Quem ampara e cria com todo o carinho e amor sofre sempre, demais, nas partidas, sejam elas quais forem!
    Por mais razoáveis que sejamos, dói muito! Eu sei!

    Beijinhos

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  16. Olá Flor Alpina.
    Muito interessante este poema!
    Chocam-se os ovos alheios ( ou nossos) criam-se com amor, amparam-se nas quedas e um dia as solicitações do mundo exterior chama-os e eles partem, deixando nosso ninho vazio...
    Sei bem o que isso é, amiga Flor.
    Gostei muito de a ver lá na minha modesta casinha, volte sempre. Para mim será um prazer.
    Beijinho
    Janita

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