segunda-feira, 29 de março de 2010

A Po(e)nte...



Existe dentro de mim uma ponte
A poente dos sonhos…
Que me leva a lado nenhum
Avisto a ponte entre o passado

E o futuro que não aparece
Segurando nas mãos o presente frágil
Quero atravessar sem medo

Mas...
Entre tábuas puídas de esperança
Suspensas entre pilares pontiagudos
Cordas trémulas de ignorância
Cambaleando hesitante
Risco o sulco do sol poente

Calcorreando a po(e)nte
Cálculo alcançar a outra margem
À margem da minha ponte segura
Descobrir a outra parte de mim
Esquecida nas sombras do sol-posto
A poente de ti...

sexta-feira, 26 de março de 2010

(Des)Acerto...Primaveril...


Das sementes secas de ti
Na terra agreste que não semeie
Nasceram raízes na espera
Meu corpo tronco
Meus braços ramos
Dos olhos brotaram folhas secas
Apodrecem a meus pés os frutos que não colhi…
Murcham os rebentos que não plantei…
Meu coração que não floresce
Estoura de desânimo
Porque a primavera se esqueceu de mim…

Selinho...

Recebi este selo em simultanêo do Manu do blogue http://blog-poetas.blogspot.com/
e da Breizh da Viken do blogue http://ler-te.blogspot.com/

Este selo tem a finalidade de homenagear os comentaristas que além da assiduidade dos comentários e do esmero com que são feitos, provocam-nos a necessidade de reflectir, aprender e, sobretudo instigam as almas e as mentes na procura de conhecimentos e sabedoria.


Com este espírito homenageio os seguintes blogs:
Sonhadora http://rosasolidao.blogspot.com/
Maria Teresa http://beijinhosembrulhados.blogspot.com/
Jacarée http://jacaree.blogspot.com/
Poetaeusou http://poetaeusou.blogspot.com/
Poétesse http://namatrizdapalavra.blogspot.com/
Mizinha http://anjosentreasnuvens.blogspot.com/
Multiolhares http://multiolhares-poetadaspiramides.blogspot.com/


Peço aos comentaristas agraciados que façam referência ao blog que os homenageou, escolham outros blogs que achem justo homenagear, com o respeito pelos critérios atrás indicados, copiem a imagem do selo, e mantenham a lógica do texto aqui apresentado.

Muito obrigada pelos coemntários sempre carinhosos que deixam no meu cantinho!

terça-feira, 23 de março de 2010

Agudo...(In)Temporal...


Algures apago-me de mansinho
Tento em vão demolir a distância
Ressoa o diapasão da ausência
Alheia ao meu sofrer corre a sorte
Nas alamedas do passado
Perpetuam-se os silêncios
Nas sombras dos plátanos
Jazem as folhas secas
Escritas pelo tempo
Camufladas de castanho pelo inimigo
Esquecidas flutuam ao sabor das vontades
Enfeitiçadas numa dança insignificante
Transmitindo por delicadeza
Ressequidas mensagens mudas...

Agita-se dentro de mim o vento
Ergo-me de mansinho das trevas
Por entre as sombras do que foi
Vagueio no espaço
Onde escrevo em branco
A negra dor...
Intemporal sentimento
Irrompem as letras na folha vazia
Sem saber escrever o que o coração dita
Reaparecem laivos no papel da minha inexistência
Embriagados pela chuva
Através dos erros que o emendar da paciência
Perpetua no esquecimento
Cristalizo na espera
De olhares cansados amontoados no horizonte agudo
Algures apago-me de mansinho…



domingo, 21 de março de 2010

Caem as palavras...

(foto da internet)
Foi longa a noite...
Em que caíram as letras
uma a uma...

E sem aconchego caíam as palavras
Verbos eremitas vagueavam nos braços alados
Da luz do farol
Palavras eloquentes faziam voos rasantes
Num mar de fantasia...


Palavras encantadas entre o luar e maresia
Ecoavam na montanha
O orvalho é testemunha da avalanche de palavras
Que as ondas levaram
Caíam sim, caíam as palavras…

sábado, 20 de março de 2010

Convite!

Hoje empresto o meu cantinho virtual a um amigo de Peniche.
É verdade, a FlorAlpina também tem amigos EM Peniche...mas não são os ditos amigos DE Peniche!
Destes amigos/as destaco dois( que me perdoem os outros/as) Um é inexplicavelmente o MAR... O outro amigo, mais real é o Emanuel Soares.

Beijos de Amizade, que tudo te corra melhor ainda que o que desejas, e até sempre amigo!




Eu, Emanuel Soares, venho por este meio dirigir-lhe o convite para que no próximo dia 21 de Março em Peniche pelas 16H00 na Associação Recreativa Penichense(A.E.F.C.R.P), esteja presente no lançamento do meu CD intitulado de "Doze fados e uma canção".
Prometo-lhe uma tarde bem passada, com algumas surpresas, e ainda a possibilidade de partilhar comigo este dia tão importante, pois é o meu primeiro trabalho discográfico editado.
Junto envio em anexo a capa do CD e também um dos temas inseridos neste trabalho para adoçar-lhe a vontade de estar presente.
Um abraço amigo do Emanuel Soares, e se não nos virmos antes, tudo de bom até ao dia 21 de Março na Associação Recreativa Penichense.





P.S. Perdoem-me a aselhice, mas não consegui trazer a música até aqui, é lindíssima, mas não consegui...

sexta-feira, 19 de março de 2010

PAI...

(imagem da Internet)

Não preciso de um dia para festejar o pai…
Preciso de um pai para festejar todos os dias…

Mesmo longe eu não quero
Deixar passar este dia em vão
Com um abraço me despeço
E um aperto suspenso no coração…

quarta-feira, 17 de março de 2010

(In)Determinado...tempo...


Nas cores do vento cieiro
Que me corta a alma
Avisei a hora certa
De que vou chegar atrasada
O comboio acenou-me um adeus de fumo
No final da linha onde se escondem os índios
Aperto-me no banco do letargo
Fico á espera do barco
Para atravessar a montanha
De palavras em declínio
Desvio-me das sílabas brancas
Suspensas no céu-da-boca
A corar ao luar
Sirvo-me de mais uma dose de noite pura
O gelo derrete-me as ideias
Aquecidas de crepúsculos outonais
Peço boleia aos ponteiros do cronómetro da vida
Eufórico o relógio, não bebe mais café depois da hora!
Soluça-lhes o tic-tac dos dias amarelos
Salientes os segundos que querem ser primeiros
Galopante o pêndulo parado que dá corda ao mundo
Amarrado no pulso cortado da indiferença

terça-feira, 16 de março de 2010

Esqueci-me...


Esqueci-me
Das palavras
Que te queria dizer...
Tenho saudades
Mas já não sei de quê...
Esqueci-me
Dos sentimentos
Que não vivi...
Esqueci-me
Da dor camuflada
Que senti...
Esqueci-me!
Queria dizer-te algo mais
Mas esqueci-me...

domingo, 14 de março de 2010

(Im)Prudência...


“ Na poda dos sonhos, cortaram-me as raízes”

sexta-feira, 12 de março de 2010

(Des)colorido... (di)verso



Era vermelho esse mar…
Eram azuis os sonhos…
Era escarlate o crepúsculo falacioso…
Eram douradas as areias movediças…
Era anil/esverdeado o (a)mar platónico…
Eram cândidas as pegadas de espuma…
Era opaco/negro o areal onde ficaram gravadas…
Eram cinzentas as ondas de ilusão…
Era dúbio ludibriante o espírito da ganância…
Eram incolor os afectos inversos…
Era prateada a noite/madrugada…
È preto o sabor amargo da aparência…

As cores exauridas do tempo tingiram as marés …

quarta-feira, 10 de março de 2010

Não me batem mais...


De mãe, estremece-me o coração
Quando ainda no alfobre da vida
Uma flor sem estufa, é arrancada do chão
Ninguém viu…em direcção ao rio…a saída…

Não importa os nomes que lhes dão
Mondadores sem idade…
Arrancaram do viveiro malmequer em botão
Caule andante…murchou na rivalidade…

Jardineiros cegos
Deixam crescer ervas daninhas
Nos muros das escolas
Nas muralhas das casas
Na selva das ruas…
No éden vazio
No portão do inferno da vida

Jardineiros cegos
Contam os votos, os números as estatísticas…
E a dor?
Os nascimentos e os óbitos…
E as crianças?
As cores dos apitos sem som…
E a infância?
A Europa comparações a 6 a G8 ou á dúzia que é mais barato…
E os lamentos inocentes?
Brincamos de faz de conta que somos todos iguais…
Ninguém se importou…
Ele… também não…
Despe-se do supérfluo…
Sem despedida…
Valente! Corajoso!
Inicia a viagem do fim da vida…

Na magnitude do desconhecido
Teve a coragem de abalar
Ouve a calma espiral do rio
Sofre na súplica do desespero…acabar

Poderes de sucção invisíveis
A má sorte escrava a chamar
Estendeu-lhe a fatalidade a mão
Entre gritos inaudíveis

Porque a flor/dor no rio fluTua
Marcada com o som da inocência
Da miséria minha/tua

E não se afogarão jamais
As palavras ondulantes
A mim, não me batem mais!

A mágoa é maior…mas eu não mais consigo dizer…

terça-feira, 9 de março de 2010

(In)Conveniente...


A escrita é a couraça
Que me protege!
E a arma de arremesso que utilizo,
Nesta guerra de palavras,
Onde só eu sou a vitima confirmada!

domingo, 7 de março de 2010

MULHER


“Uma mulher poeta é duplamente mulher”

Li esta frase a páginas tantas de um livro, gostei…
Mas como não sou poeta, sou apenas mulher, faço-me acompanhar de um grande poema que sempre gostei muito de ler, de ouvir, e de o interpretar…

"Calçada de Carriche"

Luísa sobe, sobe a calçada,
sobe e não pode que vai cansada.
Sobe, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe sobe a calçada.
Saiu de casa de madrugada;
regressa a casa é já noite fechada.
Na mão grosseira, de pele queimada,
leva a lancheira desengonçada.
Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.
Luísa é nova, desenxovalhada,
tem perna gorda, bem torneada.
Ferve-lhe o sangue de afogueada;
saltam-lhe os peitos na caminhada.
Anda, Luísa. Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.
Passam magalas, rapaziada,
Apalpam-lhe as coxas, não dá por nada.
Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.
Chegou a casa não disse nada.
Pegou na filha, deu-lhe a mamada;
bebeu da sopa numa golada;
lavou a loiça, varreu a escada;
deu jeito à casa desarranjada;
coseu a roupa já remendada;
despiu-se à pressa, desinteressada;
caiu na cama de uma assentada;
chegou o homem, viu-a deitada;
serviu-se dela, não deu por nada.
Anda, Luísa. Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.
Na manhã débil, sem alvorada,
salta da cama, desembestada;
puxa da filha, dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa, desengonçada;
anda, ciranda, desaustinada;
range o soalho a cada passada;
salta para a rua, corre açodada,
galga o passeio, desce a calçada,
desce a calçada, chega à oficina à hora marcada,
puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga;
toca a sineta na hora aprazada,
corre à cantina, volta à toada,
puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga. Regressa a casa é já noite fechada.
Luísa arqueja pela calçada.
Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada, sobe que sobe, sobe a calçada, sobe que sobe, sobe a calçada. Anda, Luísa,
Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.

"António Gedeão"



EU/TU...MULHER...

Dedicam-te um dia no ano…
Mulher…
Dia oito…
Quase por esmola, ou vergonha?
Feita num oito… andas tu/eu todos os dias…
E os outros dias todos, são de quem?
São teus/meus todos os dias…
Mulher-a-dias…dias e dias Mulher…
E tutti-quantis…
Um dia da Mulher…
Ainda para assinalar…o que se esquecem depois de lembrar…
E oferecem-te um dia 8…
Rola rebola e quando não se apruma de novo…
Numero oito…
Parecem as algemas que te prendem a esse sexo que dizem fraco…
Dos fracos são as palavras sem nexo…
És a fraqueza dos fortes…
E a força dos fracos…
Não, não é de revolta o meu sentir…
Mas de orgulho…
Orgulho-me de ser Mulher!
Eu simplesmente MULHER!

fotos e poema Flor Alpina

sexta-feira, 5 de março de 2010

(In)útil...agasalho...


Minha repuxada poesia,
É como uma manta de retalhos…Ásperos…
Que costuro com coragem,
Suturando pedaços de pele de cobra…
Que encontro no humilde trilho.
Coso com aguçados fios negros de veneno condensado,
Qual secou á sombra do meu desprezo.
Sem dedal protector,
Pico-me na ponta dos fios letras,
Humedeço a ponta da linha para rimar do outro lado da agulha.
Descoso a inspiração do aberrante alinhavo,
Tento encontrar a musa aprendiz enleada no esboço da manta esfarrapada…
Junto mais uns retalhos coloridos,
Pois abundam no meu deserto…
Suportando o desdém,
Defendo-me apenas com o observar,
Afastando-me daquele rasto impregnado de peçonha,
Deixado pelos exemplares de serpentes perdidas.
Trilhos infindáveis de palavras indizíveis…
Serpes pérfidas, camufladas…
Enroscadas nas sombras dos cactos…
Agradável seiva dos cardos…
Escorrendo nas silhuetas dos versos, inversos…
Colírio intolerável para muitos olhos…
Ah, a minha simples obra-prima!
Suspensa no lápis que empunho, estendo a secar ao sol a manta já escrita, e á noite embrulho-me na fria poesia de recortes…
Hoje manta esfarrapada que me agasalha a alma…
Amanhã...
Amanhã, quem sabe?
Talvez a deixe cair, e será tapete para sua alteza pisar.



(imagens da Internet)

quarta-feira, 3 de março de 2010

(Im)Preciso...sentir...



Até os fortes têm os seus momentos de fraqueza,
Para recuperar forças….

segunda-feira, 1 de março de 2010

(In)Visível...maré vazia...


Alguém apagou as estrelas,
Amarrou o vento,
Segurou o infinito,
E parou o tempo,

Alguém acalmou o mar,

E nas minhas montanhas,
Já não o ouço,
Em minhas manhãs,
Já não o sinto,

Será este um poema inacabado,

Por não encontrar mais sentido,
Do mar outrora inventado,
Rebusco em mim memórias,
Do mar das minhas histórias,

Desse mar distante,
Que lembro com saudade…