quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Voo...



Levam-me para longe as palavras
Sem nunca me tirarem daqui!
Sentada no cais da saudade
Enleio sombras e migalhas
Movem-se memórias
Dentro da caneta como um grito azul!
Um grito tão fino quase transparente…
Mexo as letras como asas
Pairam com elas os pensamentos
No canto das aves
Sinto a corrente de ar nas entrelinhas
E num voo roubado
Rasgo ventos…
As frases perdem o equilíbrio
Poderia dizer que sofro de vertigens
Mas, afinal, só de rastejar sinto medo…

[Vou levantar-me, antes que comece a cair!]

Com palavras afiadas rasgo vontades nunca ditas
Enroladas em praias interditas
Ondas clandestinas
Desnorteiam as rimas
E são as palavras como aves
Na leveza do silêncio
Que buscam direcção
Tempestades
Sobressaltos
Horizontes enevoados
Onde meu corpo de poema balança…
Com uma escrita deformada
Pela rude inspiração!
E voo…
Em ziguezague mas voo…



Palavras e foto
FlorAlpina (Carmen Ferreira)
Reservados os direitos de autor
Plágio, além de feio é punido por lei!

6 comentários:

  1. Voas querida amiga, mesmo que em ziguezague... e deixas, na forma mais bela, escritos os gritos aflitos e as vontades que afinal são um pouco de todos nós, os que vivem!

    Lindo!

    Beijo

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  2. Este texto tem a força das palavras.
    Um beijo grande

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  3. Minha querida

    Por vezes as palavras levam-nos para o mais profundo da nossa alma...para o mais recondito do nosso ser.
    Deixo um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  4. um voar
    em palavras
    com asas
    com um sopro de viento...
    de ser e de estar...

    voar...

    abrazo serrano

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  5. mas, afinal, só de rastejar sinto medo…

    [Vou levantar-me, antes que comece a cair!]

    Identifico-me completamente com este seu belíssimo poema,também escrevo para não cair.


    beijinhos

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  6. Bom brincar com as palavras.
    São tantas, infinitas, melhor ainda,
    teremos com elas infinitas sensações
    à descobrir.

    Flores.

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