Precisamente naquele momento
Em que me sentia cansada da chuva,
Levantei-me da inércia
Miseravelmente cómoda em que caíra,
Fechei de mansinho as goteiras
Das nuvens choronas,
Acendi às escondidas o sol da tarde
Mas não me culpem!
Eu não sabia!
O céu olhou para mim
Sugando-me num facho de luz
Até avistar uma montanha arredondada de cores!
Senti-me sufocar com tamanha beleza
E com a força do espanto
Engoli o arco-íris!
Trazia a balouçar numa extremidade o pote de ouro
Que tanto prometem as histórias
Mas vinha vazio de riquezas…
Baldeavam apenas umas gotas engraçadas, uns restos de tinta…
Porem os meus sentimentos que não tinham cor,
Desbotados pelas geadas do tempo
Acordaram entontecidos, abriram-se com o peso do estrondo
Do pote dourado caído a meus pés!
Se fossem letras, faria um poema!
Mas réstias tintas…
E com um coração daltónico, de que me servem as cores?
Pintei de olhos fechados,
De vermelho o mar
De amarelo os sorrisos
De anil os dias, para não destoar
De azul as saudades
De laranja o sabor amargo da distância
Dei violeta às horas que passam a correr
Oh, arco-íris de sentimentos
Em que mãos vieste bater!
Era previsível que pestanejando
Sobrassem cores…
Alucinei! E com o verde salpiquei o sol
E as searas num murmurar que só eu ouvi,
Ondulavam agradecidas, adiando a colheita!
As papoilas esconderam-se
Semi-nuas no seu encarnado sedutor
De novo ousadas esperando a primavera.
Revirei o pote reluzente ao contrário
Sentei-me!
Procurei descobrir as coloridas pontas arcadas
Que me iam de um olho ao outro,
Mas diante de mim,
Acendiam-se as telas florescentes
Da tua ausência,
Que as minhas mãos trémulas teimam em não largar!
Um dos três poemas com que participei no concurso de poesia "A poesia no encontro do tempo"
Mais pormenores e os belíssimos poemas que estiveram a concurso consultem o link http://camposcentrocultura7.wordpress.com/2011/09/09/concurso-de-poesia-aconteceu-magia/
Tua poesia, como sempre, lindíssima.Parabéns! Adoro arco-íris...beijos,chica
ResponderEliminarBonito!
ResponderEliminarGosto da imagética e do agarrar o segundo.
Beijo
querida amiga,
ResponderEliminaré sempre um gosto cruzar-me com as palavras que oxigenizam os sentidos na altitude dos alpes. pena que a ligação seja tão difícil. volta e meia, este blogger prepara-nos algumas partidas, verdade?
beijinho!
Que filho tão maravilhosamente descrito...Direi
ResponderEliminarque ficou beneficiado...
Beijo
Olá Flor...
ResponderEliminarescorreguei nesse arco-íris e não alcancei o fim.
tão somente por não querer terminar a viagem colorida de sentimentos... nesse imenso vazio que dói.
beijo e kandandos meus
Olá, Flor!
ResponderEliminarPoema lindo, colorido como o arco-íris que vem a seguir à chuva,com todos esses sentimentos expressos, com muito talento e sentimento, em forma de cor.
Beijinhos; Bom fim de semana.
Vitor
Poema e Foto em sintonia.
ResponderEliminarMãe e Filho também.
Bjs
G.J.
Como sempre este poema "mexeu" comigo, consegue transmitir-me sentimentos que me fazem meditar e sonhar...
ResponderEliminarAbracinho meu!
Muitíssimo belo!
ResponderEliminarSem dúvida um poema que enche a vida de pinceladas das cores do arco-íris.
Obrigada por teres participado e como não sei de já te disse, todos estes poemas estão guardados e serão publicados, um dia, quem sabe para o ano, num livro do Centro de Cultura de Campos.
Beijinhos
Ná