
Abril...
Sacudi o pó dos cadernos,
Onde guardo poemas começados
À procura de um que fosse adequado
A esta data de liberdade, 25 de Abril.
Mas o lugar vazio que ficou na estante
Fez-me lembrar do meu país distante
Portugal
E dói-me ver esta pátria livre
Cada vez mais presa!
Basta estar atento e observar,
E a mesma liberdade que antes brotava nos cravos de Abril
É a mesma que hoje como um garrote apertado nos reduz a vontade!
As nuvens negras toldam o céu azul
As lágrimas derretem sorrisos, sabendo a maresia
E em Portugal no país do sal
O pão insonso dos dias sofridos já não tem o sabor de vitória
E as sombras não são de gloriosas bandeiras desfraldando-se ao sol
Mas das pétalas de confiança pisadas
Da cor dos cravos, apenas o sangue da mágoa!
E a dor do povo de novo verde, que geme e treme de medo
De um novo amanhã que tarda.
Morreram-me nos dedos as palavras!
E as esperanças na madrugada risonha
Foram-se perdendo aos poucos
As lembranças de um Abril
Onde o povo já não ordena!
Ouvem-se apenas as vozes daqueles cada vez mais loucos
Procurando luzes em becos sem saída
E já nada de novo ou tão pouco nos dizem!
Porque 25 Abril já não é o que era!
Já não é o que outrora foi!
Despertamos todos os dias e as noticias primeiras que nos chegam de longe são sempre as mesmas!
Crise, crise, crise!
E a única verdade transparente,
É um povo sem força e sem voz
Dissolvem-se assim nas brumas da memória
As lembranças deixadas pelos nossos egrégios avôs!
(Palavras da FlorAlpina
Lidas num jantar de comemoração do 25 de Abril, na APZ de Zurique)
Dói sentir o desencanto nos corações que, lá longe, sentem tão perto as mesmas cores da mesma Bandeira!...
ResponderEliminarDói vê-los, desesperados, bem juntos, erguendo barricadas e cavando trincheiras, preparando-se para se defenderem deste pacato Povo!... Até Quando?... Isso dependerá do primeiro passo, então, há sempre outro passo que na passada faz o caminho!... Rezem, os biltres, para que o tremor da marcha Popular, não os esmague!... Esperemos que os "quatro tratantes que presidiram ao apocalipse", sejam os primeiros vermes a ser esmagados e os últimos fedelhos que (se)governaram, saboreiem o último sabor da mesma Justiça que merecem!...
Boa semana
Abraço
Parabéns pelo teu texto, amiga. Amargurado, cru, mas realista. Infelizmente, é esta a triste realidade deste nosso país, onde o 25 de Abril nos livrou das garras da opressão e tirania e nos entregou à ambição cega e desmedida de um bando de abutres que nunca pensou no seu povo nem no seu país, mas simplesmente em satisfazer a sua ganância cega de fama e poder.
ResponderEliminarComo sempre, a factura sobre para o povo...
Beijos de Portugal
Runa
Abril tbém nunca mais será o mesmo pra mim, desde a madrugada de sábado qdo um moço rumou ao sul me deixando com olhos se areia tivessem...
ResponderEliminarBjs*
...o qua nos resta no mundo
ResponderEliminartodo, é não perdermos a
esperança.
sem ela é que tudo desaba
de vez!
bj
Olá Flor
ResponderEliminarÉ muito gratificante para mim, ver que alguém que vive longe, segue atentamente o que se passa neste nosso tão mal tratado país.
Pessoalmente nunca falto às manifestações comemorativas do 25 de Abril, mas noto com tristeza um crescente desinteresse por esse tão importante acontecimento.
Veja por exemplo, que dos quatro ex-Presidentes da Républica reunidos hoje em Belém apenas Soares ostentava cravo na lapéla...!
Aliás, Cavaco, nunca até hoje, colocou na lápéla o Simbolo da Liberdade!
G.J.
Belo texto, triste história! Que venham dias melhores. Abraços.
ResponderEliminarA vida possui várias faces, de algumas gostamos muito, de outras nos receamos, no entanto, sua essência carrega o dom de nos fazer feliz mesmo em meio ao caos.
ResponderEliminarQue olhos e corações sejam alvos e ávidos por este dom.
Parabéns pelo blog.
Bjs.
ola flor li e gostei mas triste historia .Beijinhos força
ResponderEliminarMinha querida
ResponderEliminarFaço minhas as tuas palavras...letra por letra, apenas acrecento que os sonhos de Abril estão por cumprir e cada vez mais envoltos numa bruma que não se dissipa.
Deixo um beijinho
Sonhadora
Lembranças sáo fortaleza da vida, beijo Lisette.
ResponderEliminarDatas a serem lembradas, mas que párece, tantas mudanças aconteceram...beijos,tudo de bom,chica
ResponderEliminarRealidades retratadas neste teu belo texto...mas hoje já nada é o que era...umas coisas mudaram para bem melhor...mas outras para bem pior...o importante é não perder a esperança...
ResponderEliminarBeijo d'anjo
Como Uma Onda
ResponderEliminarLulu Santos
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
São as marés Flor, o que haverão de acalmar...
Bjs
Livinha
Uma a uma as pétalas vão caindo do cravo vermelho... ficamos apenas com o caule ressequido na mão!...
ResponderEliminarBeijos!
AL
Flor,
ResponderEliminarO vermelho dos cravos está muito desbotado. Mas há ideias que nunca devemos permitir que se apaguem...
Beijo :)