
O Inverno chegou quando partiste…
Demora-se a chuva nos meus olhos…
Embaciam-se as pétalas dos meus dedos…
Rasgo as cortinas de palavras indizíveis …
Condeno a distância enfurecida…
Entorno os sentimentos cansados…
Serpenteiam-se os medos repetidos…
Silenciados pelo vácuo que me engole…
As palavras encostam-se ao rosto…
Com temor dos trovões que estrondeiam…
Na cratera do meu peito…
Morrem em mim as esperanças por florir…
O sol murcho escorre por entre os dias frios…
Feitos de sombras e folhas secas…
Húmus de lembranças que não decompõe…